Você sabe qual a diferença entre vinho doce e suave?
Quando se trata de escolher um bom rótulo, existe uma confusão de termos para vinho doce e suave. Embora possam parecer sinônimos à primeira vista, são elaborados de maneiras diferentes e possuem classificações que influenciam diretamente a degustação e a harmonização do vinho.
Neste artigo, vamos explicar em detalhes o que distingue vinho doce e suave, como é produzido, além de sugerir harmonizações e receitas de drinks para degustar. Boa leitura!
Qual a diferença entre vinho doce e suave?
O vinho doce é uma bebida que apresenta alto teor de açúcar residual, ou seja, a quantidade de açúcar que permanece no vinho após a fermentação, processo pelo qual as leveduras consomem os açúcares presentes nas uvas e os transformam em álcool e dióxido de carbono. Esse resta é o que torna o vinho doce.
Um vinho doce, por exemplo, pode ser tanto tinto, rosé ou branco. Assim, essa característica de dulçor é proveniente do modo como é feito e da quantidade de açúcar presente na bebida.
Já o vinho suave é um tinto em que houve a adição de açúcar, podendo ser de cana de açúcar ou de beterraba. Seu dulçor não é proveniente do residual no processo de elaboração.
Após o acréscimo, ele se torna um vinho suave/doce ou demi-sec, dependendo da quantidade inserida. A escolha por acrescentar o ingrediente é feita por demanda de mercado e é proibida em alguns locais, como na Europa.
Além da questão do açúcar, eles se diferenciam pelas características apresentadas. Vinhos mais suaves não são muito complexos e não contam com tanta diferença entre rótulos; podem ser utilizados em drinks e acompanhar saladas e carnes leves, como peixes e frangos.
Vinhos doces são mais sofisticados, precisam estar na temperatura adequada, contam com aromas e sabores complexos. São ideais para quem deseja experimentar uma bebida mais encorpada.
Como os vinhos doces são feitos?
Bom, para entender melhor a diferença, é importante compreender um pouco melhor sobre o processo de elaboração dos vinhos doces. Como a característica é natural, ele depende de certos processos durante sua elaboração. Conheça cada um!
Colheita de uva tardia
Proporciona acúmulo de açúcares e perda de água. Os cachos de uvas são deixados na videira, após o seu tempo de colheita, que irá aumentar o açúcar no bago. É comum em países mais quentes.
Interrupção na fermentação
É a pausa no processo da transformação do açúcar em álcool pelas leveduras, transformando-o em residual. Seja com controle de temperatura ou adição do álcool vínico. Um dos exemplos elaborados a partir deste processo é o Vinho do Porto.
Podridão nobre
O fungo Botrytis cinérea é responsável pela podridão nobre. Ele ataca vinhedos de uvas brancas, aumentando a concentração de açúcar e elaborando vinhos doces refinados.
Alguns locais no mundo apresentam as condições climáticas ideais para que o fungo faça com que a uva fique com uma concentração ainda maior, além de aromas característicos. Por exemplo, é muito comum em Sauternes na França.
A partir desses métodos é que, naturalmente, o vinho torna-se mais adocicado e proporciona essa sensação no aroma e no paladar.
Açúcar no vinho: legislação
O açúcar precisa ser informado no contrarrótulo do vinho para que o consumidor saiba o que está adquirindo. No rótulo, insere-se, sem obrigatoriedade, a informação se ele é: seco, meio-seco (demi-sec) e suave/doce. Cada país tem normas próprias.
No Brasil, as vinícolas devem discriminar o teor em gramas por litro (g/L). A União Europeia (UE) e os Estados Unidos (EUA) também utilizam esse tipo de métrica. Na UE, cada membro define a quantidade máxima por rótulo; na França, por exemplo, a rotulagem conta com classificação com base na região de origem e no método de produção.
Nos EUA, a classificação é de: doce, meio-seco, seco e extrasseco. Na Austrália, a quantidade de açúcar também altera quanto à classificação, de seco a doce.
Dicas de harmonização de vinho doce
Harmonizar vinhos doces pode ser uma forma deliciosa de realçar tanto a bebida quanto o prato servido. A chave é assegurar que o nível de doçura seja igual ou maior que o prato, evitando que a bebida pareça ácida ou amarga.
Veja com que harmonizar os principais tipos de vinho doce.
- Vinho do Porto: torta de nozes, chocolate amargo e queijos fortes.
- Sauternes: queijos de mofo azul, amêndoas e castanhas.
- Vinhos de colheita tardia: frutas secas e sobremesas, como tortas e pudim.
- Moscato: queijos de mofo azul, sementes, chocolate 70% e pudim.
Outra dica interessante é combinar a intensidade e a textura do vinho com a do prato. Se a bebida for leve, aposte em refeições leves; se for pesada, opte por refeições mais intensas.
Drinks com vinho doce
Se você gosta de vinhos doces e quer experimentá-los em outras versões, vale a pena conferir drinks deliciosos com eles. Veja receitas na sequência!
Sangria com Vinho do Porto
A sangria é um drink tradicional e muito refrescante. Ela pode ficar ainda melhor, mais doce e mais encorpada, com a adição do Vinho do Porto à receita. Como esse ingrediente tem mais teor alcoólico, pode dar complexidade ao coquetel, tornando-o mais robusto com o aroma frutado e de especiarias. Confira a receita!
Sangria com Vinho do Porto
Ingredients
- 1 garrafa de vinho tinto seco
- 1 xícara chá de Vinho do Porto
- 2 latas de água com gás ou água tônica
- 2 maçãs cortadas em cubos
- 2 pêssegos cortados em cubos
- 1 abacaxi cortado em cubos
- 1 laranja cortada em cubos
- 1 xícara chá de suco de laranja
- 1 canela em pau
- 1 dose de gin conhaque, rum ou vermute
- Gelo a gosto
Instructions
- Em uma jarra grande, coloque todas as frutas. Adicione o suco de laranja e o açúcar e misture.
- Na sequência, inclua a dose do destilado e esprema as frutas com um macerador ou uma colher de pau. Acrescente o vinho tinto seco e o Vinho do Porto (ambos gelados). Finalize com a canela.
- Reserve na geladeira por 30 minutos. Na hora de servir, junte o gelo e a água com gás ou tônica.
Porto tônica
Simples de se fazer, o Porto Tônica é um drink refrescante e elegante, que combina o sabor adocicado do vinho com a leveza e o amargor da água tônica. É o coquetel perfeito para dias quentes, servido como aperitivo antes das refeições, com o toque diferencial do rótulo português. Confira a receita do canal “Cozinha é Cultura”!
Porto tônica
Ingredients
- 150 ml de Vinho do Porto
- 200 ml de água tônica
- Casca de laranja
- Casca de limão siciliano
- Gelo
Instructions
- Em uma taça grande, adicione gelo até a metade.
- Despeje o Vinho do Porto e inclua a água tônica.
- Finalize com as cascas das frutas para ficar mais aromático.
- Mexa delicadamente e sirva.
Mimosa com espumante moscatel
A mimosa é outro drink clássico, ideal para brilhar em brunches. Para aprimorar o coquetel, a versão com moscatel doce é excelente para dar uma dimensão extra de sabor e dulçor. Ele proporciona um perfil mais aromático, com notas florais e frutais a depender do rótulo escolhido. Confira o passo a passo!
Mimosa com espumante moscatel
Ingredients
- 1 garrafa de espumante Moscatel
- 2 xícaras chá de suco de laranja
Instructions
- Em uma jarra grande, adicione o suco de laranja.
- Complete com o vinho Moscatel gelado. Despeje devagar para não perder as bolhas.
- Mexa suavemente com uma colher.
- Antes de servir, coloque gelo nas taças e retire para que fiquem resfriadas.
- Depois, sirva o drink.
Moscatel Spritz
O Moscatel Spritz é um drink refrescante e sofisticado. Combina o dulçor do espumante Moscatel, com a efervescência e da água com gás. Ele é ideal para momentos de descontração, principalmente em celebrações em dias quentes. Tem o sabor leve e refrescante para eventos ao ar livre.
Moscatel Spritz
Ingredients
- 150 ml de espumante Moscatel
- 100 ml de água com gás
- Gelo em cubos
- Casca de laranja ou limão
Instructions
- Encha um copo ou taça grande com gelo.
- Adicione o vinho Moscatel.
- Acrescente a água com gás.
- Mexa suavemente para misturar os ingredientes.
- Inclua uma fatia da casca de laranja ou limão para aprimorar o sabor.
Compreender a diferença entre vinho doce e suave é fundamental para obter melhores experiências na degustação e harmonização de pratos. Conhecer as complexidades e a forma de elaboração explica diversos detalhes, aromas e sabores proporcionados pelos rótulos.
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Flávia
Sommelier internacional pela FISAR/UCS, pós-graduada em Marketing e Negócios do Vinho pela ESPM. Há 10 anos atuando no mercado e através de diversos canais de mídia especializados no mundo do vinho. Propago conhecimento para enófilos e amantes da bebida. Falar sobre vinhos é um prazer!