Guia de uvas: Moscato e sua diversidade
Muitas uvas viníferas são conhecidas graças ao seu local de origem, como a Nebbiolo, uma das principais do Piemonte, na Itália. Outras estão diretamente ligadas ao seu principal terroir, como a Carménère e o Chile.
A uva Moscato não segue nenhuma dessas regras. Mesmo com origem incerta para os pesquisadores, ela se adaptou bem a uma infinidade de terroirs, sendo destaque em diversos países e regiões do mundo.
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Origem
Antes de falarmos sobre sua origem, é importante ressaltar que não se trata de uma única cepa. Na verdade, a Moscato é uma família de uvas, que abrange mais de 200 variedades conhecidas. Dependendo do lugar em que é plantada, pode levar outros nomes como Moscatel, Muscat e Muskateller.
O local onde essa família nasceu é muito incerto. Para alguns pesquisadores, ela surgiu na Grécia por volta do ano 800 a.C. Outros acreditam que é ainda mais antiga, e teria surgido entre os anos 3.000 e 1.000 a.C. no Egito.
Independentemente da região em que se originou, estima-se que foi durante o Império Romano (entre 27 a.C. e 395 d.C.) que ela foi espalhada por toda a região do Velho Mundo.
Na Itália, alcançou fama por volta do século 17 graças à criação do Moscato d’Asti, um vinho frisante da comuna de Asti. É uma variação bastante doce, com baixo teor de álcool (cerca de 5%) e que faz muito sucesso até hoje entre os enófilos.
Já no século 19, ela começou a ser exportada para Estados Unidos, África do Sul, Austrália e para os países da América do Sul. Por sua fácil adaptabilidade, seu cultivo acabou crescendo consideravelmente durante os anos seguintes.
Hoje, os Estados Unidos são responsáveis por cerca de 50% da produção da uva Moscato em todo mundo, seguidos pela Itália, com 21%, Austrália, com 11%, e Espanha, com 4%.
Variações da Moscato
Como já abordamos, há mais de 200 tipos de uvas dentro da família Moscato, com aparências bem diferentes entre si. A grande maioria é branca, porém também existem variações tintas.
Os tipos mais conhecidos da uva são Muscat blanc à Petits Grains (às vezes conhecida como uva Moscato Branco), Muscat de Alexandria, Moscato Giallo, Muscat de Hamburgo e Muscat Ottonel, sendo essas duas últimas, tintas.
Apesar desse grande número de tipos, o mais comum é que o vinhos venham apenas com o nome da uva. Caso seja indicada a variedade específica, é provável que o enólogo queira indicar ao consumidor atributos mais específicos ou o local de origem ao qual aquela variação está atrelada.
Características da uva
Mesmo havendo essa variedade, é possível indicar características comuns entre todos (ou a maioria) dos vinhos feitos com a cepa.
Uma característica marcante em todas as uvas Moscato é o alto nível de açúcar residual. Ao serem vinificados, é comum que isso gere um dulçor no paladar, mesmo que alguns rótulos sejam mais secos ou neutros.
Além disso, a cepa dá origem a bebidas de corpo leve, sem a presença de taninos, e com teor alcoólico próximo de 10%.
Os sabores e aromas associados à uva são de frutas cítricas, como limão e laranja, pera, pêssego e flores diversas, como flor de laranjeira, madressilva e rosa. Em alguns casos, as bebidas também apresentam cheiro de uvas, algo incomum em vinhos.
Harmonização
O Moscato costuma ser um vinho mais adocicado, o que espanta muitas pessoas na hora de fazer a harmonização. Porém, essa característica pode servir muito bem para gerar adição ou até contraste dos sabores.
Um bom exemplo é a combinação entre Moscato e comidas asiáticas apimentadas. O dulçor da bebida pode quebrar bem a picância, além de harmonizar bem com sabores de temperos e vegetais comuns em alimentos desse tipo.
Ao harmonizar com carnes, evite as vermelhas com sabor muito intenso. As melhores opções são aves, como frango, peru e pato, ou peixes brancos e frutos do mar. Lombo suíno pode combinar bem, desde que não tenha temperos muito carregados.
E por falar em temperos, esses vinhos harmonizam com especiarias, como canela, cardamomo e gengibre, ervas, como manjericão, coentro e menta, e pimentas de diversos tipos.
A uva Moscato é bastante versátil com relação a queijos e harmoniza tanto com variações leves, como brie e camembert, passando pelos de intensidade média, como emmental e gouda, aos azuis, como gorgonzola e roquefort. Queijos de cabra também são uma excelente opção.
Por fim, é o vinho perfeito para harmonizar com doces leves, como bolo, panna cotta, torta de maçã e sorvete de creme.
Harmonização | |
Carnes | aves, peixes, frutos do mar e lombo suíno |
Queijos | brie e camembert; emmental e gouda; gorgonzola e roquefort |
Sobremesas | bolo, panna cotta, torta de maçã, sorvete de creme |
Vinhos Moscato
Os vinhos Moscato costumam ter sabor adocicado graças ao seu alto índice de açúcar residual. Essa característica é muito interessante na degustação, e pode ser utilizada para harmonizar com uma grande variedade de pratos.
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Flávia
Sommelier internacional pela FISAR/UCS, pós-graduada em Marketing e Negócios do Vinho pela ESPM. Há 10 anos atuando no mercado e através de diversos canais de mídia especializados no mundo do vinho. Propago conhecimento para enófilos e amantes da bebida. Falar sobre vinhos é um prazer!