Vinhos da Patagônia: conheça esse incrível terroir argentino
A região em que um vinho é produzido é um agente determinante para o desenvolvimento de características como sabores, aromas e intensidade. Clima, altitude, tipos de solo e cultura são alguns dos fatores atrelados à geografia de um local que influenciam diretamente nas uvas que serão vinificadas.
Na América do Sul, os vinhos da Patagônia ilustram bem essa relação. A região, que tem média climática entre 4 e 13 graus e temperaturas mínimas que chegam aos 33 graus negativos, é responsável por originar bebidas sutis, elegantes e tânicas.
Ficou curioso para conhecer melhor os vinhos dessa importante região? Continue a leitura do nosso conteúdo até o fim!
Entendendo o terroir da Patagônia
A Patagônia é uma região no extremo inferior da América do Sul que ocupa uma área de mais de 1 milhão de metros quadrados. Sua maior parte é situada na Argentina, embora também contenha uma porção do Chile em sua costa leste.
Quando falamos na região vinícola da Patagônia, estamos nos referindo a uma área de cerca de 4,5 mil hectares na parte superior do território, localizada entre os rios Negro e Neuquén.
Com relevo entre 300 e 500 metros de altitude (mais baixo que o da região de Mendoza, por exemplo), possui solo franco-argiloso, ou seja, composto por areia, sílica e uma maior parte de argila.
A amplitude climática da região vinícola varia entre 6 graus no inverno e 23 no verão, ficando por volta dos 14 graus na maior parte do ano. A chuva é escassa (cerca de 200 milímetros por ano) e os ventos são moderadamente altos.
A vinificação na Patagônia é relativamente recente. As primeiras vinícolas surgiram no início do século 20, porém foi apenas no século 21 que a atividade cresceu, ganhando destaque como região produtora do Novo Mundo.
As principais uvas cultivadas na Patagônia são Chardonnay, Pinot Noir, Malbec, Sémillon e Torrontés Riojano.
Características dos vinhos da Patagônia
Explicados os atributos da região, chegou a hora de entender como eles interferem nos vinhos patagônicos. Para isso, vamos utilizar uma analogia simples com os seres humanos.
Durante o frio, nós temos a tendência a nos retrair mais: nossos músculos ficam enrijecidos e nos encolhemos para concentrar e distribuir melhor o calor. Ao mesmo tempo, utilizando uma maior quantidade de roupas, criamos uma cobertura externa robusta para nos proteger do clima ameno.
Quando falamos sobre o efeito do clima frio nas uvas, o processo é bastante similar e ocorre naturalmente. Em contato com as baixas temperaturas, as cascas do fruto ficam mais grossas, criando uma maior camada para proteger a parte interna.
A polpa, fica mais concentrada e “abraça” a parte central, ou seja, as sementes. O contato menor com a luz solar, por sua vez, faz com que o amadurecimento das bagas seja mais lento, desenvolvendo menos açúcares e mais acidez.
Como resultado, temos vinhos com baixos níveis de açúcar e teor alcoólico, acidez bem evidente, taninos finos e elegantes e coloração forte, no caso dos tintos. Os aromas costumam remeter a frutas cítricas, mineralidade e ervas.
Os vinhos da Patagônia também apresentam boa intensidade de corpo e são considerados bons rótulos para guarda, já que evoluem bem na garrafa.
Rótulos da Patagônia
Ficou curioso para conhecer os vinhos argentinos da Patagônia? Separamos algumas sugestões de rótulos deliciosos produzidos na região para que você descubra as melhores características desse terroir!
Postales Sauvignon Blanc Semillon
Este rótulo é um blend perfeito entre Sauvignon Blanc e Sémillon, duas cepas brancas reconhecidas pela acidez e mineralidade. Combinadas ao terroir da região, geram vinhos aromáticos e refinados, com muita personalidade.
É produzido pela Bodega Del Fin Del Mundo cujas vinhas ficam localizadas na cidade de San Patricio del Chañar, no coração da Patagônia, e são irrigadas pelo rio Neuquén.
No paladar, predominam o frescor e as notas cítricas. Já no olfato, também apresenta nuances florais e de frutas brancas e amarelas. Ideal para harmonizar com aves, peixes e frutos do mar.
Postales Roble Malbec
Se o rótulo anterior é um excelente exemplo dos efeitos do clima da Patagônia em um vinho branco, o Postales Roble Malbec demonstra como os mesmos fatores do local dão origem a tintos diferenciados.
Diferente dos Malbec argentinos, esse vinho tem taninos leves e acidez redonda, além de notas de de toffee e cacau advindas do envelhecimento em barris de carvalho francês e americano.
Seus aromas vão desde frutas pretas maduras, como ameixa, além de baunilha e tabaco.
Phebus Patagonia Reserva Malbec Limited Edition
Produzido pela Bodegas Fabre, Phebus Patagonia Reserva Malbec é um varietal com passagem de 12 meses por barrica de carvalho francês. Apresenta perfil refinado, coloração rubi intensa, aromas de cereja, alcaçuz e notas florais de violetas.
Com taninos maduros, é uma boa opção para harmonizar com carnes como carré de cordeiro e alcatra, além de queijos de massa dura, como o gruyère e pecorino.
O terroir patagônico proporciona aos vinhos da região características ímpares. Se você gosta de bebidas de clima frio, com taninos bem equilibrados e acidez evidente, não pode deixar de experimentar!
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Flávia
Sommelier internacional pela FISAR/UCS, pós-graduada em Marketing e Negócios do Vinho pela ESPM. Há 10 anos atuando no mercado e através de diversos canais de mídia especializados no mundo do vinho. Propago conhecimento para enófilos e amantes da bebida. Falar sobre vinhos é um prazer!