O que é cerveja artesanal e como ela se difere das industriais?
Não é nenhuma novidade que a cerveja é uma das bebidas mais queridas entre os brasileiros. Mas muito além daquelas produzidas em escala industrial, as versões artesanais vem ganhando cada vez mais espaço no cenário nacional, promovendo experiências gastronômicas diferenciadas e de muita qualidade!
Com a utilização de matérias primas de qualidade e processos que respeitam o tempo natural de ação dos ingredientes, essas bebidas premium podem ser encontradas em diversos estilos e sabores, sendo produzidas por grandes cervejarias e estabelecimentos locais.
Neste post, explicamos um pouco mais sobre o que é cerveja artesanal, a história por trás delas e alguns dos principais tipos. Boa leitura!
História da cerveja artesanal
Os primeiros indícios do produto datam de 6.000 a.C., na civilização Suméria – atualmente, a região compreende países como Irã, Iraque, Síria e Jordânia. A importância da bebida para a cultura era tamanha que o povo definiu Ninkasi como a deusa da fabricação de cerveja!
Ao longo da história, a bebida marcou grandes períodos, sendo utilizada como pagamento a sacerdotes no Egito Antigo, por exemplo. No Brasil, sua produção teve início em 1830. Contudo, naquela época, o consumo de versões importadas britânicas e alemãs era mais comum.
Apenas no final do século XIX, por conta dos índices de importação da bebida, que o mercado nacional foi impulsionado. Hoje, de acordo com o 2º Censo de Cervejarias Independentes, realizado em 2021 pelo Sebrae em parceria com a Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), o Brasil conta com mais de 1,3 mil fábricas de cervejas independentes em todo o país!
Além disso, tornou-se mais comum nos depararmos com um número grande de rótulos da categoria em supermercados, empórios e lojas especializadas. Esse comportamento, que era bastante comum no mercado americano, ganhou popularidade no Brasil durante a pandemia, como aponta o Sommelier e Mestre em Estilos de Cervejas Rafael Cherutti.
Como a cerveja artesanal é feita?
A cerveja artesanal é produzida com processos similares aos das industriais. A grande diferença é que, no caso dessas bebidas, não há nenhum tipo de intervenção para acelerar cada etapa. Por esse motivo, fases como fermentação e maturação duram mais tempo.
Isso ocorre porque, ao respeitar o tempo natural de ação dos ingredientes – como as leveduras, que transformam o amido presente no mosto em álcool –, o resultado final é uma bebida mais complexa em aromas e sabores.
As principais etapas de produção da cerveja artesanal, nesse sentido, são a moagem, a brassagem, a fervura, o resfriamento, a fermentação, a maturação e o envase. Outros processos opcionais, como o dry hopping, técnica utilizada para a adição extra de lúpulo, podem ser realizados, conforme as receitas de cada mestre cervejeiro.
Qual a diferença da cerveja artesanal e da industrial?
As cervejas artesanais se diferenciam das indústrias – conhecidas no Brasil como Pilsen – por muitos aspectos. O primeiro deles é a produção, que ocorre em menores quantidades, já que o foco é a qualidade e, não necessariamente, a quantidade.
Por ser elaborada em menor escala, isso também permite uma proximidade maior durante a produção. Ou seja, o acompanhamento de cada etapa é realizado minuciosamente, para garantir que o resultado final seja satisfatório.
Como consequência, o perfil aromático e sabores das cervejas artesanais são mais ricos e complexos, o que permite que essas bebidas sejam harmonizadas com inúmeros pratos, como ocorre com os vinhos. O resultado, nesse sentido, é uma experiência gastronômica rica e surpreendente.
Artesanal x caseiro
Um ponto bastante importante e que pode causar confusão sobre as cervejas artesanais é, em vista do nome, elas serem confundidas com produtos caseiros, o que não é o caso.
É verdade que toda produção caseira é artesanal, mas nem toda cerveja artesanal é caseira. Atualmente, existem empresas que produzem grandes quantidades da bebida, até mesmo para comercialização em regiões próximas.
É claro que, quando comparado às industriais, a quantidade de litros produzidos é bem menos expressiva. Mas isso não significa que elas sejam caseiras! Até porque, como explica Cherutti, a produção envolve equipamentos específicos e controles ainda mais rigorosos.
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O termo “artesanal”, na verdade, surgiu como uma solução para diferenciar essas bebidas das cervejas tipo Pilsen – ou industriais. No entanto, elas também podem ser chamadas de premium ou gourmet.
Cherutti, no entanto, destaca que prefere chamá-las simplesmente de cerveja e acredita que esse é um passo importante para democratizar, cada vez mais, o consumo da bebida. Citando-o,”não se vê um alemão bebendo sua Munich Helles e chamando de artesanal, entende? E nem faria sentido, visto que as famosas cervejarias alemãs produzem milhares de hectolitros por mês.”
Tipos de cerveja artesanal
Resumidamente, as cervejas artesanais podem se diferenciar conforme os grãos e tipos de leveduras envolvidos no processo, assim como o tipo de fermentação utilizado.
As três principais famílias são a Lambic, a Ale e a Lager. Cada uma delas conta com outras subdivisões, conforme a receita e estilo da bebida.
Família Lambic
Cervejas Lambic são produzidas por meio de processos de fermentação natural, sem a inclusão de outros ingredientes. As mais conhecidas são a Gueuze, a Faro, a Fruit e a Kriek.
Família Ale
Conhecidas como cervejas de alta fermentação, as bebidas dessa categoria levam esta denominação porque as leveduras permanecem por cima do mosto após o processo de fermentação.
Tendem a ser mais encorpadas, com perfil aromático doce e frutado. Em alguns casos, como a American IPA, os sabores frutados são complementados com notas herbais e índice de amargor maior.
Família Lager
Cervejas Lager são aquelas que passam por baixa fermentação. Isso quer dizer que, após a fermentação, as leveduras permanecem depositadas no fundo do tanque. As bebidas desse estilo, além disso, são fermentadas a temperaturas menores.
De maneira geral, cervejas lager tem um índice de amargor maior e apresentam notas de malte bastante presentes. Em alguns casos, aromas tostados, notas de caramelo e chocolate podem ser identificados.
Harmonização com cerveja artesanal
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Flávia
Sommelier internacional pela FISAR/UCS, pós-graduada em Marketing e Negócios do Vinho pela ESPM. Há 10 anos atuando no mercado e através de diversos canais de mídia especializados no mundo do vinho. Propago conhecimento para enófilos e amantes da bebida. Falar sobre vinhos é um prazer!