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Vale Do Douro E Região Do Dão: História, Métodos E Vinhos

Vale do Douro e região do Dão: história, métodos e vinhos

O Vale do Douro, em Portugal, assim como a região do Dão, são duas das áreas responsáveis pela produção de grandes rótulos portugueses que ajudam a manter viva a tradição e a relevância vitivinícola do país perante o restante do mundo.

Quer saber mais sobre os vinhos do Douro e do Dão, conhecer a história dessas regiões e os métodos de cultivo empregados nelas? Acompanhe este texto até o final!

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Vale do Douro

O Vale do Douro é uma das mais antigas regiões vinícolas demarcadas do mundo. Localizado ao norte de Portugal, é considerado a casa do Vinho do Porto.

O nome é inspirado no Rio Douro, cujas águas passam pela fronteira espanhola — onde é conhecido como Duero —, alcançando o território português e, ao final, seguem de encontro ao Oceano Atlântico.

Antes de se tornar parte da vastidão marítima, o Rio Douro é um dos elementos que compõe a paisagem e garante ao vale uma natureza única e admirável. Essa visão tão impressionante foi classificada como Patrimônio Mundial da Unesco.

Imagem de uma mulher admirando o vale do Douro, patrimônio Mundial da Unesco.

O Vale do Douro é considerado Patrimônio Mundial da Unesco.

Produção de vinhos no Vale do Douro

A influência do Rio Douro não só garante belas paisagens, como impacta no nível do relevo montanhoso e na criação de diversos estilos de terroirs, seja em altitude ou características do solo. Por isso, é comum que o cultivo dos vinhedos aconteça nas encostas íngremes de ambos os lados do rio.

Essas características produzem vinhos especiais! Os licorosos, por exemplo, são vinificados desde o século 17. 

Antigamente, eles eram transportados pelo rio dentro de barris em pequenos barcos chamados rabelos, onde seguiam para estagiar nas caves da cidade portuguesa de Vila Nova de Gaia. Hoje em dia, ainda que os barcos tenham sido substituídos por caminhões, as adegas de Vila Nova de Gaia seguem colaborando com a maturação do Vinho do Porto.

Ao passo que a produção de vinhos tranquilos na região foi, por muito tempo, definida como de má qualidade. Recentemente, esse cenário começou a se transformar. Com a demarcação oficial do Douro, em 1979, passou-se a incluir a elaboração de rótulos tranquilos, além dos licorosos.

Da década de 1990 em diante, a vinificação de vinhos de mesa cresceu consideravelmente. Não por acaso, hoje em dia o Vale do Douro, produz rótulos memoráveis.

Além do Vinho do Porto tinto, são elaborados vinhos doces fortificados brancos e rosés utilizando as raras castas brancas da região. Relativamente novos, costumam acompanhar drinks durante o verão.

As cepas tintas também geram exemplares de mesa encorpados, tânicos e dignos de envelhecimento. Enquanto que os brancos são um pouco mais difíceis de encontrar, mas têm corpo leve, são minerais e apresentam notas frutadas, assim como salinidade e alta acidez. Normalmente, são produzidos com as uvas porto-rabigato, viosinho, gouveio, folgazão, entre outras.

Imagem de vinhos fortificados produzidos no Vale do Douro.

Diferentes vinhos fortificados são produzidos no Vale do Douro, em Portugal.

Uvas emblemáticas do Vale do Douro

Por falar em uvas, estima-se que mais de 80 castas distintas sejam cultivadas e utilizadas na produção de vinhos tranquilos e fortificados no Vale do Douro. Toda essa diversidade faz com que, muitas vezes, um só vinhedo contenha mais de 20 variedades.

Contudo, cinco tipos de uvas dominam as vinhas da região portuguesa: touriga nacional, touriga franca, tinta barroca, tinto cão e tinta roriz (também conhecida como tempranillo).

Algumas castas internacionais voltadas para a produção de vinhos de mesa, como cabernet sauvignon, sauvignon blanc e gewürztraminer, também ganharam espaço nas vinícolas e figuram entre as uvas não nativas mais comuns.

Região do Dão

A Região Demarcada do Dão foi instituída em 1908 e está localizada no centro-norte do país, na província de Beira Alta. Em 1910, conquistou o decreto regulamentador para produzir e comercializar rótulos, tornando-se a 1ª região de vinhos não licorosos a ser demarcada e regulamentada em Portugal.

Ainda que não seja possível determinar quando a prática da vitivinicultura se iniciou por lá, sabe-se que houve influência das diferentes sociedades que ocuparam as zonas da Península Ibérica.

No entanto, foi só a partir dos anos 1980 e 1990, passando de fornecedora de uvas e vinhos para empresas e países, como França e Brasil, que a área assumiu a vocação vitivinícola que, hoje, a torna reconhecida mundialmente. Em 1998, foi inaugurada a Rota dos Vinhos do Dão.

Com cerca de 18 mil hectares de vinhas distribuídos em mais de 380 mil hectares de terra, abrange distintas áreas, como Coimbra, Guarda e Viseu, que são famosas por uma forte característica: a produção familiar.

No Dão, as quintas — modo como os portugueses chamam as vinícolas — mantêm a tradição, enquanto integram novas técnicas na produção dos vinhos notáveis.

Mapa das regiões produtoras de vinho de Portugal. Em vermelho, está o Dão.

Mapa das regiões produtoras de vinho de Portugal. Em vermelho, está o Dão.

Produção de vinhos da região do Dão

De relevo acidentado, o terroir da localidade apresenta solo predominantemente granítico, além de larga amplitude térmica — os verões são secos e quentes, e os invernos, frios e chuvosos. A área recebe influências mediterrânicas por conta da latitude, mas também oceânicas.

As vinhas, plantadas em até 800 metros de altitude, ainda que grande parte seja cultivada entre 400 e 500 metros, são envolvidas por maciços montanhosos e pinheiros que as protegem da umidade atlântica e dos ventos gélidos.

Essas características favorecem a estrutura e a mineralidade dos vinhos, e proporcionam a produção de tintos licorosos, mas também de excelentes exemplares brancos cujas características são aprimoradas graças à altitude dos vinhedos.

No mercado, nota-se que muitos dos rótulos premiados pela crítica especializada acabam sendo varietais, deixando para trás uma certa tradição portuguesa em produzir blends.

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Uvas emblemáticas da região do Dão

A região do Dão é o berço da touriga nacional, a casta mais nobre de Portugal, que também tem sua importância no Vale do Douro. A partir dela, são produzidos vinhos encorpados, de aromas florais e frutados, com bom teor alcoólico, taninos nobres e propícios ao envelhecimento.

Na fabricação de vinhos brancos, o destaque é a cepa encruzado, que resulta em vinhos com aromas de frutas secas como figos, além de sementes como amêndoas e avelãs. Porém, os rótulos são encorpados e de alta acidez, sendo ainda propícios ao envelhecimento.

Já a uva alfrocheiro preto gera vinhos de aromas finos e que ganham complexidade com o passar do tempo, enquanto que a jaen tem aromas intensos de frutas maduras e taninos de qualidade. Ambas têm prestígio na região do Dão.

Imagem de um cacho da uva touriga nacional.

A região do Dão é o berço da uva touriga nacional.

Vinhedos em socalcos

Por serem regiões montanhosas, as vinhas no Vale do Douro e na região do Dão costumam ser cultivadas em socalcos nas encostas e colinas íngremes.

Construídos em níveis, os vinhedos em socalcos foram desenvolvidos pelos antigos romanos para tornar áreas, antes inutilizáveis, propícias ao cultivo de uvas. Eles são sustentados por muros de pedras que formam fileiras em diferentes níveis de alturas. Estão localizadas em diversas altitudes, por conta da tipografia da região.

Essa técnica permite que o máximo possível da exposição solar seja aproveitada, garantindo uma melhor drenagem do solo. Enquanto os muros de pedra dão a sustentação e evitam erosões.

Já que máquinas pesadas não podem ser usadas facilmente nas encostas íngremes, a colheita é manual e os próprios trabalhadores carregam cestos ou caixas com as uvas colhidas. A manutenção também exige esforço intenso.

Também é possível encontrar vinhedos em socalcos nas encostas do Mosela, na Alemanha; em Côte-Rôtie e Hermitage, no Vale do Rhône, na França; e nas regiões vinícolas do Cinque Terre, na Itália.

Vinhedos em socalcos no Vale do Douro.

Os vinhedos em socalcos são uma das grandes atrações do Vale do Douro e da região do Dão.

O que fazer no Vale do Douro e no Dão?

Além de conhecer as quintas e degustar os melhores vinhos do Douro e do Dão, ao visitar ambas as regiões é possível fazer passeios de barco, desfrutar da gastronomia local, explorar as aldeias históricas, admirar a arquitetura tradicional, visitar igrejas e castelos, fazer caminhadas ou passeios de bicicleta, visitar miradouros e conhecer ainda mais a cultura e as tradições indo aos museus e participando de eventos e festivais.

A verdade é que não faltam opções de destinos e atividades para incluir no roteiro durante uma viagem a essas duas localidades tão importantes na história dos vinhos e de natureza exuberante.

Se você é um amante de bons vinhos, mas também de viagens, aproveite para conhecer outras rotas e rótulos acessando nossa categoria “Vinícolas e Viagens”. É só clicar no banner abaixo!

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Flávia

Sommelier internacional pela FISAR/UCS, pós-graduada em Marketing e Negócios do Vinho pela ESPM. Há 10 anos atuando no mercado e através de diversos canais de mídia especializados no mundo do vinho. Propago conhecimento para enófilos e amantes da bebida. Falar sobre vinhos é um prazer!

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