Vinhos dos Estados Unidos: um guia completo!
Se você nunca provou os vinhos dos Estados Unidos, saiba que eles figuram entre os melhores rótulos do mundo! Embora as condições climáticas do território norte-americano impeçam a produção em toda a extensão do país, as regiões vinícolas elaboram exemplares de altíssima qualidade.
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História da viticultura estadunidense
Desde a chegada dos primeiros colonizadores europeus nos Estados Unidos, tentava-se elaborar vinhos a partir de uvas de videiras regionais, embora sem sucesso. Foi somente durante o século 19, com a corrida do ouro na Califórnia, que a produção estadunidense aumentou significativamente.
Viticultores europeus trouxeram porta-enxertos (estrutura que se utiliza da raíz de uma videira como base para enxertar outra espécie) resistentes à filoxera. Tal solução, aliada às técnicas de vinificação, contribuíram para o crescimento da indústria vitivinícola estadunidense.
Em 1976, o Julgamento de Paris consolidou os EUA como referência mundial em termos de qualidade das bebidas. Atualmente, o país é o quarto maior produtor de vinhos do Mundo, atrás apenas da França, Itália e Espanha.
O Julgamento de Paris
O Julgamento de Paris é o nome dado à degustação às cegas realizada em 24 de maio de 1976, em Paris. Durante a ocasião, sommeliers e críticos de vinhos avaliaram exemplares franceses e americanos.
É importante mencionar que, até aquele momento, a grande referência em qualidade de vinhos eram os países do Velho Mundo e, principalmente, a França. Logo, os críticos eram conhecidos por preferir rótulos franceses.
Durante a degustação, o painel provou vinhos chardonnay e cabernet sauvignon tanto dos Estados Unidos quanto da França. Para cada categoria e país, foram degustados cinco rótulos.
Ao final, os exemplares dos Estados Unidos, especificamente os da Califórnia, venceram nas duas categorias. O resultado da degustação mostrou, portanto, o potencial da produção vinícola do Novo Mundo e tornou os EUA uma referência mundial no mundo dos vinhos.
Particularidades dos vinhos dos Estados Unidos
Uma curiosidade interessante sobre a produção de vinhos nos Estados Unidos é que, ao contrário da legislação brasileira, no país norte-americano, é possível elaborar bebidas derivadas de outras frutas, como mirtilos e pêssegos. Isso mesmo! Os vinhos estadunidenses podem ser de outras frutas além da uva.
Principais regiões produtoras de vinho nos Estados Unidos
Como comentamos no início do post, os Estados Unidos enfrentam limitações climáticas e topográficas para o cultivo de uvas viníferas. As regiões que possuem condições favoráveis de plantio são as costeiras. Na Costa Oeste, Califórnia, Washington e Oregon; já na Costa Leste, Nova York.
Além disso, possuem as chamadas American Viticultural Areas (AVAs). Elas funcionam de maneira similar às Indicações de Procedência, ou seja, determinam certas regras para a produção de vinhos em cada área. No entanto, diferentemente das Denominações de Origem, não restringem as castas que podem ser cultivadas, nem o rendimento das vinhas.
Califórnia
A Califórnia concentra cerca de 90% de toda a produção de vinhos dos Estados Unidos. Possui diversos microclimas e solos propícios ao cultivo de uvas, sendo responsável por fornecer alguns dos melhores exemplares do Novo Mundo.
As uvas mais cultivadas são cabernet sauvignon e chardonnay. Ao passo que as principais sub-regiões são Napa Valley, Sonoma County e Paso Robles.
Napa Valley
Quando o assunto são vinhos americanos da Califórnia, Napa Valley é o grande destaque. A região possui a maior quantidade de vinícolas em uma única área. Lá, é possível encontrar mais de 600 estabelecimentos, segundo o Wine Institute of California.
Possui clima mediterrâneo, com verões ensolarados e quentes, enquanto o inverno é frio e chuvoso. Além disso, a alta amplitude térmica da região propicia a maturação lenta e uniforme das uvas. Os vinhos de Napa Valley são mundialmente aclamados por sua altíssima qualidade.
Oregon
A região de Oregon também está localizada na costa do Pacífico. No entanto, o destaque da área vai para a viticultura de clima frio, especialmente no que diz respeito aos vinhos pinot noir, chardonnay e pinot grigio. O Vale de Willamette, com seus solos vulcânicos e clima temperado, tornou-se um paraíso para os entusiastas de pinots em todo o mundo.
Washington
Washington é o segundo maior estado produtor de vinhos nos EUA. Destaca-se na elaboração de tintos encorpados, principalmente nas AVAs Columbia Valley, Walla Walla Valley e Yakima Valley.
Nova Iorque
Embora muitas vezes ofuscado pela Califórnia, Nova Iorque possui uma tradição vitivinícola de longa data. A região de Finger Lakes, com seus lagos profundos e microclimas pequenos, é especialmente conhecida por seus rieslings.
Castas mais cultivadas nos EUA
As duas castas de maior destaque nos Estados Unidos são cabernet sauvignon e chardonnay. Dentre outras uvas cultivadas no país, podemos mencionar merlot, pinot noir, sangiovese, syrah, zinfandel, sauvignon blanc e pinot grigio.
Cabernet sauvignon
A rainha das uvas tintas prospera principalmente em regiões como Napa Valley, na Califórnia. Os cabernets estadunidenses são complexos e encorpados, com taninos firmes, notas de frutas pretas, como cassis e amora, além de aromas de especiarias e carvalho.
O clima mediterrâneo da região de Napa Valley contribui para o cultivo da cabernet sauvignon. No entanto, outras áreas que cultivam a casta são Washington e Oregon.
Chardonnay
A Califórnia também é destaque quando o assunto é a elaboração de chardonnays. Os vinhos apresentam notas de frutas cítricas, maçã, pêssego, além de toques suaves de carvalho. São elegantes e encorpados, com acidez equilibrada em boca.
Em Oregon, os chardonnays possuem acidez mais vibrante, notas de maçã verde, pêra e toques minerais. Já em Washington, os rótulos dessa casta branca são mais encorpados e revelam notas de frutas tropicais maduras.
Pinot noir
Os vinhos pinot noir da Califórnia são elegantes e complexos. Revelam notas de frutas vermelhas maduras, como cereja e morango, e toques de especiarias.
Em Oregon, os rótulos são mais delicados e frescos, com acidez vibrante, aromas de frutas vermelhas e pretas, como framboesa e amora. Além disso, são bebidas longevas, que podem evoluir em garrafa.
Riesling
A região de Finger Lakes, em Nova Iorque, prosperou na elaboração de vinhos riesling, casta branca alemã conhecida por sua complexidade aromática. As bebidas nova-iorquinas revelam aromas florais e cítricos, além de notas de mel e uma acidez vibrante.
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Flávia
Sommelier internacional pela FISAR/UCS, pós-graduada em Marketing e Negócios do Vinho pela ESPM. Há 10 anos atuando no mercado e através de diversos canais de mídia especializados no mundo do vinho. Propago conhecimento para enófilos e amantes da bebida. Falar sobre vinhos é um prazer!