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Tudo O Que Você Precisa Saber Sobre Barris De Vinho!

Tudo o que você precisa saber sobre barris de vinho!

Os vinhos são bebidas vivas. Além de serem feitos de uvas, que sofrem influência de muitos fatores naturais e externos, podem se transformar completamente quando passam por um estágio em barricas de madeira, outro tipo de material orgânico.

A verdade é que são muitas as influências dos barris de vinho: eles podem surtir efeito nos aromas, sabores e texturas, e promover grandes mudanças no resultado final da bebida. Quer entender como funciona esse processo? Acompanhe nosso post até o fim!

Como funciona o estágio em barrica dos vinhos?

Antes de explicar os detalhes a respeito dos barris, é importante entendermos qual seu efeito nos vinhos.

Historicamente, antes mesmo de ser um processo de envelhecimento de vinhos, a utilização de barricas de madeira era um método de conservação. Esses recipientes foram usados por séculos para armazenar as bebidas, antes mesmo de existirem garrafas de vidro.

barris de vinho como funciona o estágio em barrica

Os barris de madeira, que já foram um método de armazenamento, hoje são um recurso para os produtores.

Entretanto, com o passar do tempo, notou-se a influência que a madeira poderia provocar no resultado final da bebida, e hoje, os produtores utilizam os barris como recurso na vinificação.

Os barris de vinhos têm três principais funções. Abaixo, explicamos como cada uma ocorre e qual os seus resultados na bebida.

Adicionar aromas e sabores

Quando um vinho é colocado em um barril, sua acidez entra em contato com as paredes da madeira. Dessa forma, ocorrem reações químicas e os compostos aromáticos passam a se misturar e se modificar.

Entre os aromas mais comuns gerados pelo estágio em barrica estão: frutas secas, coco, especiarias, defumação e baunilha.

Diminuir a velocidade do processo de oxigenação

A madeira é um material poroso, ou seja, sua extensão é repleta de pequenos furos. Portanto, quando o mosto das uvas passa por estágio em barrica, ocorre um processo chamado de micro-oxigenação dos vinhos.

Durante esse período, existe uma troca lenta de ar com o ambiente, e quando o oxigênio entra em contato com os taninos presentes no líquido, ele acaba “amaciando” essa substância. Ou seja, se antes o vinho teria um forte sabor adstringente, depois do estágio, ele terá um perfil mais suave e aveludado.

barris de vinho processo de oxigenação

O estágio em barrica é essencial para amaciar os taninos dos vinhos.

Por isso, as barricas são uma escolha de produtores quando trabalham com uvas tânicas Nebbiolo, Primitivo, Malbec e Cabernet Sauvignon, ou quando pretendem fazer um vinho com altíssimo potencial de guarda e longevidade.

Promover reações metabólicas

Esse tópico está diretamente ligado à fermentação malolática, que é a reação química que transforma ácido málico em ácido lático. Esse processo é muito utilizado por produtores que querem dar ao vinho uma textura mais amanteigada e cremosa e diminuir um pouco sua acidez.

Essa técnica é utilizada não somente em vinhos tintos, mas também em rótulos brancos. Algumas vezes, os produtores levam para a barrica somente uma parte da bebida para que, além dessas novas características geradas pela fermentação, os rótulos não percam suas nuances originais, mais ácidas e frutadas.

Tipos de barril de vinho

Agora que explicamos como funciona o estágio em barrica, é importante ressaltar que o tipo de madeira utilizado também pode influenciar no resultado final do vinho. As mais utilizadas são carvalho americano e carvalho francês, cada uma com diferenças marcantes, embora haja outros exemplares mais raros.

Carvalho americano

Original dos Estados Unidos, o carvalho americano costuma proporcionar ao vinho sabores de coco e baunilha, além de notas herbáceas de endro. No Novo Mundo, é constantemente utilizado para tornar rótulos frutados mais robustos.

Carvalho francês

Quando falamos em envelhecimento em barrica, os barris de carvalho francês são o sonho de muitos enólogos. São muito mais caros que os americanos, porém agem de maneira mais sutil e orgânica no desenvolvimento de aromas.

Além disso, o carvalho francês é mais poroso, permitindo uma maior passagem de oxigênio e auxiliando ainda mais no processo de amadurecimento dos taninos.

barris de vinho carvalho francês

O carvalho francês é uma das principais madeiras utilizadas na confecção de barris de vinho.

Geralmente, proporciona uma maior ênfase às nuances de rusticidade, e entre os aromas dessa madeira estão notas de baunilha, couro, tabaco, fazenda, defumação e charcutaria.

Outros tipos

Alguns países do leste europeu também têm suas próprias espécies de carvalho, e consequentemente, utilizam-nas para estagiar os vinhos. Um dos mais populares é o carvalho húngaro, muito comum na Hungria e na Romênia e geralmente utilizado em rótulos mais robustos.

Ainda há produtores que utilizam madeiras diferentes buscando outras características em seus vinhos. Alguns exemplos são castanheira, acácia, carvalho ibérico e carvalho inglês.

Outros fatores dos barris de vinho

Além dos processos de estágio em barrica e dos tipos de madeira utilizados, há outros fatores que também influenciam no resultado final dos vinhos.

Nível de tostadura das barricas

Para acelerar o desenvolvimento de determinados aromas, muitas vezes, as barricas têm seu interior tostado diretamente no fogo antes de serem utilizadas. Esse processo carameliza os açúcares naturais presentes na madeira, o que pode gerar aromas de defumação, especiarias e até doces, dependendo da situação.

barris de vinho nivel de tostadura

Antes de serem utilizadas, o interior das barricas é queimado.

Naturalmente, nem todos os barris de vinho são tostados da mesma forma, podendo variar no tempo de exposição ao fogo. Em geral, há três níveis de tostatura dos barris:

  • Leve: têm contato com fogo durante até 25 minutos. Desenvolve aromas de baunilha, coco, caramelo, cravo e canela;
  • Médio: têm contato com fogo por tempo superior a 25 minutos. Além da baunilha, também pode gerar notas de mel, café e cacau.
  • Forte: têm contato com fogo a maior temperatura por tempo superior a 25 minutos. Traz ao vinho aromas de café, fumaça, crème brûlée, melaço e toffee.

Vale lembrar que os tempos e temperaturas podem variar de acordo com o fabricante, muito embora o propósito permaneça o mesmo.

Há ainda barricas que são utilizadas sem serem tostadas, chamadas de “naturais”. Nesse caso, além do processo de micro-oxigenação, elas interferem no vinho de maneira mais sutil, trazendo aromas mais leves.

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Reutilização de barricas

Como mencionamos há pouco, as barricas não são artigos baratos. Na realidade, elas têm um custo elevado, e justamente por isso, muitas vezes, são utilizadas mais de uma vez.

Naturalmente, com o passar do tempo, a barrica passa menos interferência de sabores e aromas à bebida, portanto, não é algo que pode ser feito muitas vezes – no máximo, três ou quatro.

É muito comum que as vinícolas destinem seus grandes vinhos de guarda à primeira passagem por barrica. Em outros casos, em que os produtores pretendem dar ênfase à qualidade da uva, o estágio é feito com madeiras já usadas, apenas para amaciar os taninos.

Os barris de vinho são ferramentas importantíssimas nas mãos dos enólogos e podem ajudar a gerar rótulos incríveis, com taninos macios e aromas impressionantes. Saber como eles funcionam é essencial na hora de escolher e degustar suas bebidas.

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Flávia

Sommelier internacional pela FISAR/UCS, pós-graduada em Marketing e Negócios do Vinho pela ESPM. Há 10 anos atuando no mercado e através de diversos canais de mídia especializados no mundo do vinho. Propago conhecimento para enófilos e amantes da bebida. Falar sobre vinhos é um prazer!

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