Chaptalização do vinho: para que serve este processo?
A elaboração dos vinhos envolve inúmeros processos e cuidados durante o cultivo das uvas. Só que, às vezes, mesmo com todas as precauções e zelo necessários, algumas safras não produzem frutos perfeitamente adequados, o que acaba exigindo o intervenções por parte do enólogo, como é o caso da chaptalização.
Processo de adição de açúcar no mosto, a chaptalização é utilizada quando as uvas não possuem açúcar suficiente para a elaboração de um vinho equilibrado e com a graduação alcoólica necessária. Ficou curioso para entender melhor o assunto? Continue a leitura!
O que é a chaptalização do vinho?
A chaptalização consiste na adição de açúcar no mosto (suco da uva) antes ou durante a fermentação alcoólica. Seu nome se deu em homenagem ao criador do processo, Jean-Antoine Chaptal, que sugeriu o uso do açúcar para equilibrar os vinhos enquanto era Ministro da Agricultura na França, no século 18.
Embora seja proibida em alguns países, o processo ainda é necessário em regiões cujas condições climáticas são complicadas para o plantio da uva. Isso porque, algumas cepas, quando cultivadas em locais muito frios ou que possuem alta incidência pluviométrica, podem apresentar pouco açúcar, o que faz com que o vinho tenha pouco álcool.
Como algumas regiões contam com exigências legais de graduação alcoólica mínima para os rótulos, essas alterações se fazem necessárias. É nesse sentido que a chaptalização surge como alternativa de correção de açúcar no vinho, não para deixá-lo mais doce, mas para equilibrar o álcool, o tanino e gerar um equilíbrio no sabor do líquido.
Qual o objetivo do processo?
Resumidamente, o objetivo da chaptalização é aumentar a graduação alcoólica dos vinhos. Durante a fermentação do mosto, as leveduras fermentam o açúcar das uvas maceradas, transformando-o em álcool.
Isso quer dizer que, se a uva não tiver o teor de açúcar ideal, adquirido naturalmente na videira, o resultado será uma bebida menos alcoólica e, como efeito, menos estruturada. Também por isso, a chaptalização é um processo bastante utilizado em vinhos tintos, a fim de torná-los mais equilibrados em boca.
Quando utilizá-lo?
O uso da chaptalização na elaboração de vinhos é um assunto que causa polêmicas. Diversos enólogos, inclusive, são contra a proposição e defendem que o uso da técnica é uma estratégia compensatória para uvas de baixa qualidade.
A questão é que safras que passaram por períodos anormais de chuva ou outras intempéries, por exemplo, acabam tendo a qualidade de seus frutos afetadas e, nesse caso, precisam realizar intervenções a fim de manter a qualidade do produto final.
Portanto, a chaptalização não é, necessariamente, uma recomendação, mas um processo realizado somente quando necessário.
Restrições
Por se tratar de um processo controverso, a chaptalização é proibida por lei em alguns países. Itália, Espanha, Argentina e África do Sul são algumas das regiões que proíbem a adição de açúcar da cana ou da beterraba na elaboração de vinhos.
Por se tratar de acordos legais, essas restrições precisam ser levadas em consideração pelos produtores das regiões. Em alguns casos, as vinícolas até conseguem abrir algumas exceções, argumentando com os órgãos legais o porquê da chaptalização se fazer necessária.
Em outros casos, como foi com o escândalo da vinícola Château Giscours, o uso da chaptalização pode render processos. No episódio mencionado, alega-se que os produtores prosseguiram com a adição de açúcar no mosto das uvas merlot, embora o acordo tivesse permitido o uso do processo apenas nos vinhos elaborados com cabernet sauvignon, cabernet franc e petit verdot.
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Por mais que a discussão sobre a chaptalização possa causar divergências entre enólogos e produtores, é verdade que alguns processos, por vezes, são necessários durante a elaboração de vinhos, a fim de manter a qualidade final do rótulo.
Nesse sentido, a chaptalização é apenas um dos exemplos de correções técnicas que podem, ou não, ser aplicadas durante a produção, sempre respeitando os limites da lei de cada região.
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Flávia
Sommelier internacional pela FISAR/UCS, pós-graduada em Marketing e Negócios do Vinho pela ESPM. Há 10 anos atuando no mercado e através de diversos canais de mídia especializados no mundo do vinho. Propago conhecimento para enófilos e amantes da bebida. Falar sobre vinhos é um prazer!