Cores do vinho: um guia completo!
Você já reparou na variedade de cores do vinho? Essa bebida intrigante e complexa assume diferentes características a depender da casca utilizada em sua elaboração, terroir, entre outros fatores.
Neste post, explicamos melhor a questão e oferecemos dicas de como analisar as cores do vinho para descobrir as nuances das suas bebidas favoritas. Ficou curioso(a)? Continue a leitura!
Fatores que influenciam as cores do vinho
Quando falamos em cores do vinho, estamos falando também, necessariamente, de todas as escolhas que envolvem o processo de elaboração de um rótulo. Isso porque a casta utilizada, o terroir da região onde ela foi cultivada, os métodos de vinificação e o envelhecimento do exemplar influenciam diretamente na coloração da bebida.
Casta e terroir
A casta utilizada na elaboração de um vinho influencia sua coloração por duas questões principais. A primeira delas é que, via de regra, a cor da bebida é resultado da interação do líquido com a casca da uva, que acontece durante a etapa de maceração.
Como já mencionamos em outro post, é possível elaborar exemplares brancos de uvas tintas – os famosos blancs des noirs – justamente porque, nesse caso, o líquido não entra em contato com a casca.
Resumidamente, é na casca da uva que encontramos os polifenóis, como o resveratrol e os taninos. São esses componentes e suas quantidades em cada tipo de uva que conferem a coloração inicial do vinho.
As uvas tintas, por exemplo, contam com taninos e antocianinas que geram as diferentes tonalidades avermelhadas da bebida. Em vinhos produzidos com cascas brancas, por outro lado, a coloração é resultado dos métodos de produção e envelhecimento, uma vez que esses tipos de uvas não apresentam os flavonóides.
Um outro ponto importante é a espessura da casca da uva, uma vez que, quanto mais grossa, mais concentrada em componentes como o resveratrol. É por isso que vinhos das uvas touriga nacional e syrah, por exemplo, apresentam coloração intensa.
Um varietal pinot noir, por outro lado, muito provavelmente vai apresentar coloração mais leve e brilhante, por não apresentar casca espessa.
Outra questão-chave é o terroir onde cada casta é cultivada. Isso porque, conforme as temperaturas da região são mais baixas, as uvas apresentam uma casca mais espessa – como se fosse um mecanismo de defesa do fruto para se proteger do frio. Além disso, o calor está ligado com a intensidade da cor da uva, mas somente naquelas que apresentam pele mais grossa.
Métodos de vinificação
Como mencionamos anteriormente, a coloração que um vinho assume está, inicialmente, relacionada ao contato do mosto com a casca da uva. Nesse sentido, os métodos de vinificação também têm forte influência nas tonalidades da bebida, uma vez que o enólogo pode optar por processos de maceração mais curtos ou mais longos.
Explicando a maceração, essa nada mais é do que o esmagamento dos frutos que, no caso dos tintos, é realizado com uvas inteiras e com casca. O método é utilizado para a extração do mosto (líquido), que será posteriormente fermentado.
Quanto mais longa a maceração, mais tempo o mosto permanece em contato com as cascas da uva. Isso faz com que a intensidade de cor seja maior. Além disso, a seleção dos compostos utilizados na fermentação e outros métodos opcionais também vão influenciar essa característica do vinho,
Um exemplo disso é o bâtonnage e sur lie, métodos que mantêm o mosto em contato com as lias (borras) por mais tempo, fazendo com que a coloração e aromas do vinho sejam alterados.
Envelhecimento do vinho
Em linhas gerais, o envelhecimento do vinho é um processo que pode ocorrer de duas formas: em tanques de inox, tanques de concreto, ânforas, nas adegas em pipas ou até mesmo dentro da garrafa, ou em garrafa, após o envase. No segundo caso, estamos falando sobre a evolução do rótulo.
A passagem por barricas de carvalho, por exemplo, confere aos vinhos brancos tonalidades amarelo intenso ou dourado, uma vez que o método permite a oxidação do líquido durante esse período de maturação. Nos tintos, em contrapartida, o processo oxidativo faz com que a bebida perca sua cor e apresente coloração vermelho-granada, sem intensidade e quase sem brilho.
O envelhecimento em garrafa, por outro lado, é indicado apenas para rótulos com características específicas. Em outras palavras, nem todos os vinhos tintos ou brancos são feitos para evoluir, uma vez que é necessário um conjunto de qualidades para que isso aconteça com sucesso.
Normalmente, vihhos tintos que possuem taninos mais duros, quando jovens, e ótima acidez, envelhecem bem em garrafa, porque há um amadurecimento destes taninos e o balanço com a acidez. Em rótulos brancos, algumas castas específicas evoluem em garrafa, como vinhos botritizados ou os tokaj.
Isso porque, com o passar do tempo, o exemplar perde acidez e sua coloração esmaece, apresentando tons marrons, mais acastanhados. Essa é uma das características que permitem a avaliação da idade do vinho.
Cores dos vinhos tintos
A coloração de vinhos tintos pode variar em uma escala que começa nos tons vermelho púpura/violáceos, passando pelo vermelho rubi, vermelho granada e, por fim, cores amarronzadas. Vale destacar que essa característica vai depender também da casta escolhida.
Tintos jovens possuem cores púrpura, resultantes das antocianinas presentes na casca da uva. Além disso, a coloração costuma ser mais brilhante. Rótulos mais maduros ou envelhecidos, por outro lado, tendem a ser vermelho-granada, com tonalidades mais alaranjadas.
Cores dos vinhos brancos
Diferentemente dos tintos, que perdem sua intensidade de tom com o tempo, rótulos brancos tendem a escurecer. Nesse caso, a cor desse tipo de vinho pode atravessar uma escala que começa no amarelo claro – com tonalidades esverdeadas, por vezes –, amarelo palha, dourado e âmbar em alguns rótulos específicos.
Brancos jovens, portanto, trazem tonalidades pálidas, enquanto rótulos com passagem por barrica possuem coloração dourada ou âmbar, resultantes do processo de oxidação da bebida durante esse período de maturação.
Cores em vinhos rosés
A coloração do vinho rosé, assim como a do vinho tinto, é resultado da casta utilizada, assim como o método de vinificação. Sendo assim, esse tipo de exemplar pode ter coloração rosa pálido, salmão e, até mesmo, nuances avermelhadas.
Atualmente, a tendência é que rosés sejam mais pálidos, enquanto no passado era comum que esse tipo de vinho tivesse cor intensa. Também é importante ressaltar que esses exemplares não são recomendados para envelhecimento e podem apresentar tons amarronzados após alguns anos.
Como fazer a análise das cores do vinho
Na hora de analisar as características do vinho, incluindo sua cor, vale a pena lançar mão do método sugerido pela WSET, o Systematic Approach to Tasting (SAT), em tradução direta, abordagem sistemática para degustação.
Ele consiste, basicamente, em três fases de análise e a conclusão final sobre o rótulo. A primeira fase é, justamente, a visual, em que se descreve a aparência do vinho — como brilho, intensidade de cor e a coloração em si.
A segunda etapa consiste na análise dos aromas, para verificar a condição da bebida, intensidade aromática e evolução do rótulo. Por fim, realiza-se a análise no paladar, para identificar dulçor, adstringência, graduação alcoólica, corpo, final de boca, entre outros. Com essa abordagem, é possível, por fim, descrever o rótulo e avaliá-lo. Confira um exemplo de ficha de degustação a seguir, que inclui a tabela de cores dos vinhos:
Neste post, vamos focar na primeira etapa, a análise da aparência, especificamente da cor. Para que essa seja feita, a indicação é servir o vinho até um terço da taça, inclinando-a a 45º. Dessa forma, você é capaz de avaliar a coloração da bebida, assim como seus reflexos.Para que a sua análise seja a melhor possível, o ideal é que você esteja em um ambiente iluminado. Além disso, é interessante manter a taça contra uma superfície branca.
A coloração no centro da taça vai indicar a cor do vinho, enquanto as tonalidades das bordas se referem aos reflexos do rótulo. Além disso, quando feita dessa forma, a análise visual permite que você observe o brilho da bebida. Como mencionamos anteriormente, exemplares mais jovens tendem a ser mais transparentes.
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Flávia
Sommelier internacional pela FISAR/UCS, pós-graduada em Marketing e Negócios do Vinho pela ESPM. Há 10 anos atuando no mercado e através de diversos canais de mídia especializados no mundo do vinho. Propago conhecimento para enófilos e amantes da bebida. Falar sobre vinhos é um prazer!