Garrafas de vinho: confira os tipos, dicas e curiosidades

A última etapa da produção de um vinho é seu engarrafamento. Por mais que não pareça algo tão importante quanto as demais, o armazenamento da bebida é determinante para a sua qualidade.

As garrafas de vinho podem ser encontradas em vários formatos e tamanhos, fatores que influenciam diretamente na conservação e na bebida que o consumidor desfrutará em taça.

Para conferir quais os principais tipos e funções de cada uma das garrafas de vinho e dicas sobre armazenamento, continue a leitura até o fim!

Tipos de garrafas

O tipo de uma garrafa de vinho está diretamente relacionado com o seu formato. É comum que sejam batizadas de acordo com a região em que foram criadas, ou o estilo da bebida que armazenam. Confira, a seguir, as principais:

Garrafa Borgonha

Foi criada no século 19 na Borgonha, na França. Seu formato mais robusto se deu por ser mais fácil de ser feita pelos fabricantes de vinhos. Hoje, é utilizada com mais frequência para o armazenamento de Pinot Noir e Chardonnay, uvas da sua região de origem.

É provavelmente o estilo de garrafas mais antigo ainda em uso.

Garrafa Bordeaux

Também conhecida como standard, é a variação mais comum no mercado. Tem os lados paralelos, ombros altos e fundo côncavo. Costuma ser utilizada para a maioria dos vinhos, tanto tintos quanto brancos.

Como o nome indica, foi criada na região de Bordeaux, na França, e não há explicação exata a respeito de seu formato. Alguns acreditam ter sido uma forma de diferenciação das garrafas de Borgonha, e outros, que seus ombros serviam para a eliminação de sedimentos originados no processo de vinificação.

A garrafa Borgonha é utilizada para a grande maioria dos vinhos.

Garrafa Alsácia

Foi criada especialmente para o armazenamento dos vinhos Riesling, porém hoje também é utilizada para Gewurztraminer e outras bebidas da Alemanha e da Hungria.

Seu formato se dá por um motivo curioso: como as garrafas de vinho eram transportadas em navios, era necessário que coubesse um maior número de exemplares, portanto, eram feitas mais estreitas a fim de ganhar espaço.

Garrafa Rhône

Esse estilo de garrafa é similar ao da Borgonha, porém um pouco mais fina e com os ombros mais angulares. Foi criada na região do Côtes du Rhône, e hoje é utilizada em vinhos Grenache, Mourvèdre e Syrah.

Garrafa Champagne

Por fim, outro tipo importante de garrafa é o conhecido como Champagne. Criado na região de mesmo nome na França, tem o fundo bastante côncavo, as paredes mais grossas e um formato ovalado.

Sua estrutura foi criada para segurar a pressão interna do gás carbônico, já que no método tradicional, a segunda fermentação é realizada dentro da garrafa, com a adição de açúcar e leveduras.

Hoje, as garrafas Champagne são utilizadas para boa parte dos espumantes, sejam produzidos por meio do método tradicional ou não.

Garrafa Bocksbeutel (ou Cantil)

Diferentemente dos demais tipos que citamos, a Bocksbeutel é achatada, possuindo um formato elipsóide. A aparência da garrafa imita um cantil militar, que tem superfícies retas justamente para não rolar pelo solo.

É utilizada com mais frequência por produtores da Alemanha e Portugal. Um vinho que ficou muito famoso por se utilizar desse formato é o Mateus Rosé.

Outros tipos de garrafas

Há diversos outros tipos de garrafas além dos citados, que costumam variar entre recipientes para vinhos específicos (como é o caso do Vinho do Porto) ou edições limitadas

Confira um comparativo:

Tamanhos de garrafas de vinho

Além da distinção de acordo com o formato da garrafa, é possível categorizá-la conforme a capacidade de líquido que comporta.

As garrafas convencionais, seja qual for o tipo, têm 750 ml. Confira abaixo um comparativo entre os demais tamanhos e como são chamados cada um.

• Taça: 187ml
• Meia Garrafa: 375 ml
• Convencional: 750 ml
• Magnum: 1,5 L
• Jeroboam: 3 L
• Rehoboam: 4,5 L
• Matusalém: 6 L
• Salmanazar: 9L
• Baltazar: 12 L
• Nabucodonosor: 15 L
• Melchior: 18 L

Apesar de todas as nomenclaturas, a grande maioria dessas garrafas não pode ser encontrada com facilidade, e só são disponibilizadas em edições especiais e casos específicos por pouquíssimas vinícolas.

Partes da garrafa

Independentemente do formato e do tamanho, toda garrafa de vinho é divida em partes. A seguir, vamos conhecer os nomes de cada uma, de baixo para cima, e quais suas funções.

Base

Como o próprio nome indica, é a parte mais inferior do recipiente. Costuma ter um formato côncavo para dentro, que além de ajudar na separação dos sedimentos, auxilia no serviço da bebida.

Bojo

 É a parte mais larga, ou seja, o corpo da garrafa. 

Ombro

 A região em que o recipiente se afunila é chamada de ombro por sua semelhança com essa parte do corpo. Influencia diretamente na separação da borra durante o serviço, pois conforme se inclina a garrafa, os sedimentos ficam retidos no ombro.

Pescoço

É a parte mais estreita de uma garrafa, e fica entre o ombro e o gargalo.

Gargalo

Por fim, o gargalo da garrafa é a parte superior, por onde o vinho é servido. Deve ser bastante reforçada e resistente para segurar a rolha e costuma ter um formato levemente mais largo que o pescoço, facilitando o serviço.

Todas as garrafas de vinho, independentemente do tamanho, são dividas nas mesmas partes: base, bojo, rótulo, ombro, pescoço e gargalo.

Curiosidades

Conforme citamos, as garrafas de vinho são repletas de detalhes que auxiliam no armazenamento da bebida. A seguir, listamos algumas curiosidades.

Cores

As cores das garrafas de vinho são muito mais que uma opção estética. É comum que o recipiente seja escolhido de acordo com a necessidade de armazenamento da bebida.

A maioria dos vinhos tintos, por exemplo, é engarrafada em embalagens verde-escuras, pois essa coloração pode diminuir em até 50% os efeitos da luz e da radiação ultravioleta, que, por sua vez, pode causar danos à bebida.

As garrafas de cor âmbar são ainda mais eficientes, podendo bloquear até 90% desses danos. Entretanto, costumam ser mais caras, e boa parte das vinícolas acaba optando pelas verde-escuras.

Para vinhos que são armazenados durante muitos anos, como Vinho do Porto e Jerez, as garrafas âmbar são as mais indicadas, caso contrário eles podem perder suas características essenciais.

Algumas vinícolas também escolhem garrafas transparentes como forma de demonstrar a cor do vinho (como ocorre com o White Zinfandel) ou até para indicar ao consumidor que se trata de um rótulo para consumo rápido.

Assim como ocorre com os formatos, os vinhos também podem ser engarrafados em recipientes de colorações diferentes, como azul, amarelo e preto, porém por questões estéticas e em casos específicos.

Muitos estudiosos também afirmam que a coloração da garrafa tornou-se uma jogada de marketing. Os recipientes mais escuros, além de trazerem um ar mais sóbrio e elegante, incentiva as pessoas a beberem mais, justamente por não conseguirem ver a quantidade de vinho que já consumiram.

Furo no fundo da garrafa

Por muito tempo, acreditou-se que o furo no fundo da garrafa estava diretamente relacionado à qualidade do vinho. Quanto mais côncavo, melhor seria a bebida engarrafada.

Na verdade, não se sabe ao certo o que significa o fundo das garrafas de vinho, porém acredita-se que sua principal função é armazenar os sedimentos que são gerados com o tempo. Dessa forma, os rótulos mais estruturados costumam ter uma reentrância profunda, pois têm maior potencial de guarda.

Além disso, muitas vinícolas usam o tamanho do fundo como forma de padronizar os produtos e facilitar a escolha do consumidor. Se um mesmo produtor faz vinhos reservado, reserva e gran reserva, é provável que a concavidade seja um pouco maior a cada garrafa.

O fundo das garrafas de vinho guarda os sedimentos gerados no armazenamento da bebida.

Peso líquido da garrafa

Embora isso cause confusão em muitos, as garrafas de vinho mais comuns contém 750 ml de líquido, e não 1 litro – o que faria mais sentido de acordo com nosso sistema métrico. Em muitos países, esse padrão é definido por lei.

Muito se especula a respeito da razão desse padrão. Uma das teorias mais aceitas é de que essa quantidade serviria exatamente seis taças de vinho de 125 ml, facilitando a divisão em restaurantes e outros estabelecimentos.

Alguns acreditam ainda que isso se deve ao modelo de transporte antigo adotado pelos britânicos. Eles exportavam o vinho em galões de 4,5 litros, e depois precisavam dividir o conteúdo em recipientes menores. Com a medida de 750 ml, a divisão poderia ser feita em 6 garrafas iguais.

Armazenamento

Muitas pessoas têm dúvidas sobre como armazenar garrafas de vinho por se tratar de uma bebida que precisa de cuidados especiais para que mantenha a qualidade. Por isso, separamos algumas dicas importantes.

No caso das garrafas com rolha, é recomendado que sejam guardadas em posição deitada. Isso porque, com o tempo, a cortiça pode ressecar e facilitar a passagem de ar, prejudicando a integridade do vinho, e muitas vezes fazendo com que se torne vinagre.

O armazenamento de garrafas deitadas impede a passagem de ar e mantém a integridade das bebidas.

Já as garrafas com rosca não precisam do mesmo cuidado, pois o material que fecha o vinho é revestido e impede a passagem do oxigênio.

Com relação ao local, é recomendado que seja um ambiente sem luz, com temperaturas constantes e mais baixas e sem tremores. Caso você não tenha uma adega climatizada, escolha uma despensa ou um armário mais isolado.

Por ser uma bebida delicada, as garrafas de vinho têm um papel fundamental em sua conservação. Seus tipos estão relacionados diretamente ao contexto histórico ou às necessidades de preservação da bebida.

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Flávia

Sommelier internacional pela FISAR/UCS, pós-graduada em Marketing e Negócios do Vinho pela ESPM. Há 10 anos atuando no mercado e através de diversos canais de mídia especializados no mundo do vinho. Propago conhecimento para enófilos e amantes da bebida. Falar sobre vinhos é um prazer!