Entendendo de vinho: você sabe o que é um blend?

Se você nunca ouviu falar no termo, ou já escutou, mas não sabe exatamente o que é blend, chegou ao lugar certo! 

Embora a grande maioria dos exemplares produzidos pelo Novo Mundo sejam identificados pela uva utilizada na sua produção, a mistura de diferentes vinhos não só é uma prática bastante comum, mas também define a tradição da viticultura do Velho Mundo.

Neste post, vamos explicar o que é um blend, motivos pelos quais enólogos optam por essa técnica, exemplos de vinhos de corte famosos, assim como a diferença entre blend e varietal, além de rótulos disponíveis no divvino.com.br. Boa leitura!

Afinal, o que é blend?

Também conhecido como vinho de corte ou assemblage, o blend é produzido a partir da combinação de duas ou mais variedades de uvas distintas. O objetivo é utilizar as qualidades e características de cada casta para criar rótulos mais e equilibrados, ou para alcançar um perfil específico, de acordo com os desejos do enólogo.

O mais comum em um corte de vinho é que se misture diferentes tipos de uvas, buscando as nuances presentes em cada variação. Essa, porém, não é a única maneira de se produzir blends. O enólogo também pode misturar vinhos de safras e/ou uvas diferentes, terroirs e solos. Todas essas combinações podem trazer aromas, sabores, cores e estrutura distintas.

Para isso, o produtor deve fazer diversos estudos até conseguir encontrar a mistura ideal e que tenha como resultado aquilo que ele espera, processo que costuma demorar anos.

O blend é um vinho feito a partir de diferentes uvas.

Por que criar um blend?

A criação de blends pode ter inúmeros motivos. Em alguns casos, como comentamos, o objetivo é gerar o equilíbrio de aromas, taninos, estrutura, acidez, entre outras características. Mas a técnica também é bastante utilizada para manter o padrão do líquido entre os anos e safras.

Regiões tradicionais como Champagne possuem cortes tradicionais bastante conhecidos e característicos. Nesse caso, é comum o uso de vinhos de base de safras anteriores para manter o perfil dos exemplares ano após ano.

No entanto, criar um vinho assemblage também é considerado uma arte entre os enólogos, para se chegar a um resultado específico. Tanto é que, ainda hoje, países do Velho Mundo produzem cortes tradicionais como o bordalês, seguindo técnicas de vinificação centenárias e que foram sendo aperfeiçoadas com o passar do tempo.

Exemplos de blend

Existem inúmeras regiões vinícolas que são famosas por seus blends excepcionais. Alguns dos assemblages mais conhecidos são o corte bordalês, o GSM, os vinhos de Rioja, os tradicionais Champagnes, além de rótulos portugueses como o Vinho Verde e o Vinho do Porto. Vamos falar sobre eles a seguir.

Blend de Bordeaux (corte bordalês)

Um clássico é o Blend de Bordeaux, da mesma região francesa, que pode misturar porcentagens diferentes de seis uvas: cabernet sauvignon, merlot, cabernet franc, sendo este o corte mais tradicional, mas também podendo levar as castas malbec, petit verdot e carmenère.

Cada um desses frutos é utilizado com porcentagens específicas, e pode alterar a percepção com relação a diferentes nuances do vinho. A petit verdot, por exemplo, influencia nas primeiras percepções do vinho. Já a cabernet sauvignon aparece com mais potência no meio da degustação.

A região também possui um vinho blend branco, que leva as uvas sémillon e sauvignon blanc.

GSM

Outro blend famoso da França é o GSM, ou Grenache, Syrah e Mourvèdre. Essa última uva, apesar de presente em uma pequena porcentagem, contribui com aromas que as outras castas não possuem, além de adicionar corpo ao vinho.

A combinação de uvas traz um equilíbrio entre a fruta e a estrutura, resultando em vinhos ricos e elegantes. O corte é elaborado na Appellation d’Origine Contrôlée (A.O.P.) Châteauneuf-du-Pape, a mais célebre do Vale do Rhône.

Além das três uvas principais, é possível combinar outras 15 castas em porcentagens menores no corte do vinho GSM. São elas: counoise, cinsault, grenache gris, muscardin, picpoul noir, terret noir, vaccarèse, bourboulenc, clairette, clairette blanc, grenache blanc, picardan, picpoul blanc e picpoul gris.

Vinhos de Rioja

A região de Rioja, na Espanha, é mundialmente reconhecida por seus vinhos tintos blends produzidos a partir de uvas como tempranillo, garnacha e graciano. Eles são admirados pela complexidade, sabores frutados e notas de carvalho provenientes do envelhecimento em barris.

Champagne

A produção de Champagnes é outro exemplo clássico da potência dos blends. Na região francesa, os vinhos são produzidos a partir do corte de três uvas: pinot noir, pinot meunier e chardonnay. Em quantidades menores, é possível incluir uma das seis castas locais, entre elas arbane, petit meslier, pinot blanc e pinot gris, embora a prática não seja muito comum.

Vinhos portugueses

Portugal é conhecido por sua riqueza vitivinícola e possui inúmeros blends excepcionais. Regiões como Douro e Dão produzem tintos que combinam uvas autóctones tradicionais.

Alguns dos blends portugueses mais famosos e consumidos no mundo são o Vinho Verde e o Vinho do Porto. O primeiro, em geral, leva castas como alvarinho, arinto, avesso, loureiro e trajadura, enquanto o segundo é elaborado com cerca de 45 castas, dentre elas a tinta roriz, touriga nacional, touriga franca, tinta cão e tinta barroca.

Blend x Varietal

Após entender o que é blend, é comum que muitas pessoas se perguntem se esse estilo de vinho é melhor que os varietais, ou seja, aqueles produzidos com apenas um tipo de uva.

Na realidade, não há uma resposta correta para esse embate. Ambos têm suas características, bem como seu valor. A escolha entre um ou outro dependerá muito da bebida que você pretende apreciar naquele momento.

O varietal, porém, pode ser considerado um vinho mais “direto” e mais previsível. Já ao beber um blend, você conseguirá perceber como aquelas propriedades diferentes que o produtor buscou aparecem no vinho.

Os blends são um estilo de vinho que oferece nuances de diferentes uvas combinadas na sua taça. A experiência de degustar um desses rótulos é completamente diferente quando comparado a uma bebida varietal.

Agora que você já sabe o que é vinho de corte e porque eles são tão aclamados entre os entusiastas da bebida, que tal experimentar rótulos da categoria? 

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Flávia

Sommelier internacional pela FISAR/UCS, pós-graduada em Marketing e Negócios do Vinho pela ESPM. Há 10 anos atuando no mercado e através de diversos canais de mídia especializados no mundo do vinho. Propago conhecimento para enófilos e amantes da bebida. Falar sobre vinhos é um prazer!