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6 Vinhos Com Taninos Para Você Entender Como Identificar

6 vinhos com taninos para você entender como identificar

Ao provar um vinho, você já sentiu a sensação de amarração e secura por toda a boca? Calma, a bebida não está estragada ou qualquer coisa do tipo. A resposta para toda essa amarração no paladar está na ação dos taninos.

Mas o que são os taninos e qual o papel deles na preparação das bebidas? Continue a leitura para descobrir, aprender a identificar, além de conhecer rótulos em que é possível percebê-los! 

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O que são taninos?

Taninos são polifenóis, substâncias orgânicas presentes em plantas e frutas, inclusive nas uvas. Sua função é protegê-las de possíveis insetos, causando a sensação de adstringência.

Na uva, eles estão em três partes da fruta: na casca, nas sementes e no engaço. Elas devem passar por uma série de processos, a fim de tornarem-se mais desejáveis ao apreciador.

É possível sentir a “amarração” em outros alimentos além das uvas e do vinho, como em uma banana verde, no caqui, na romã, no cravo, na canela, entre outros. 

Como descrevê-los?

Como mencionamos, os taninos são conhecidos pela sensação de “amarrar a boca” durante a degustação. No entanto, dependendo do nível tânico da bebida, esse polifenol pode gerar percepções diferentes. Algumas nomenclaturas mais utilizadas para descrevê-los são:

  • Taninos macios: causam sensação suave no paladar; 
  • Taninos ásperos: aspereza em boca, como uma lixa; 
  • Taninos aveludados: sensação de maciez ao degustar; 
  • Taninos sedosos: mais discretos e refinados no paladar; 
  • Taninos integrados: equilibrados com o perfil da bebida como um todo — sabor, corpo, teor alcoólico, madeira, etc.

O tanino faz mal à saúde?

A sensação de adstringência no paladar pode provocar estranhamento aos menos acostumados. Mas isso não quer dizer que a substância seja prejudicial à saúde.

Muito pelo contrário. Eles podem ser responsáveis pela prevenção de doenças cardíacas e lesões nas células. Embora muitos achem que estejam ligados a dores de cabeça, cientificamente não há nada comprovado.

Garçom servindo vinho tinto em mesa de jantar.

Taninos não fazem mal à saúde, apenas dão uma sensação de “amarração” na boca.

Como identificar taninos no vinho? 

Ao degustar um vinho, concentre-se nos seguintes aspectos para identificar a presença de taninos.

Primeiro contato

Ao dar o primeiro gole, preste atenção na sensação de secura. Os taninos geralmente afetam a parte superior da boca, especialmente as gengivas e a língua.

Persistência na boca

Após engolir o vinho, observe por quanto tempo a sensação de secura persiste. Vinhos com taninos mais pronunciados podem deixar essa sensação por mais tempo, enquanto os rótulos menos “amarrados” geralmente têm um acabamento mais curto. 

Textura na boca 

Tente perceber se o vinho tem uma textura “áspera” ou se a boca fica “secando” após a ingestão. Isso indica alta concentração de taninos. Se o vinho tiver uma textura mais delicada, pode ser que sejam menos pronunciados.

Homem sentindo os aromas de um vinho tinto.

Taninos promovem uma sensação de textura áspera na boca.

Interação com a acidez

Os taninos podem interagir com a acidez do vinho, fazendo com que a sensação de secura seja mais ou menos intensa. Em vinhos com alta acidez, como alguns tintos mais jovens, os taninos podem parecer mais agressivos. Já em vinhos mais equilibrados, a sensação de secura tende a ser mais amena.

Produção dos taninos

Nem todo vinho tem taninos evidenciados. Na prática, o mais comum é encontrar as substâncias em vinhos tintos e, em uma quantidade praticamente ausente nos brancos.

No processo de produção do vinho, eles são extraídos por meio de um longo procedimento industrial. A suavidade pode vir da pequena extração, do tipo de uva, do processo da barrica ou até do tipo de barrica. Cabe ao enólogo deixá-los perfeitos às bebidas.

Isso passa principalmente pelo processo de amadurecimento do vinho, ao qual as bebidas são armazenadas em barricas de madeiras, mantendo o contato com o oxigênio, na chamada micro-oxigenação da madeira.

Por isso, vinhos tânicos e com acidez alta, em grande maioria, possuem capacidade de guarda maior.

Uvas de taninos acentuados

As uvas com mais intensidade tânica são: 

6 vinhos com taninos presentes para experimentar

Já que certas castas possuem mais taninos que outras, selecionamos seis rótulos do divvino.com.br para que você possa compreender e identificar degustando vinhos. Confira! 

1. Eguren Ugarte Cosecha Rioja 

O Eguren Ugarte Cosecha Rioja é um tinto espanhol produzido na região de Rioja, uma das mais renomadas do mundo, conhecida pela excelência na produção de vinhos com a uva tempranillo. Para que os taninos sejam expressos, a vinícola utiliza técnicas de vinificações tradicionais, como envelhecimento em barris de carvalho, além da característica do terroir. 

De coloração rubi e reflexos violetas, o rótulo possui aromas de frutas vermelhas, notas tostadas, paladar com início de boca suave e taninos macios. Para harmonizar, a recomendação são carnes vermelhas grelhadas, carpaccio de carne vermelha, steak tartare e lasanha à bolonhesa. O risoto de parmesão pode ser uma opção interessante para acompanhar sem levar carne.

Eguren Ugarte Cosecha Rioja

2. Borgo Reale Nebbiolo Langhe

O Borgo Reale Langhe é um excelente representante da casta nebiollo, cultivada na região do Piemonte, no noroeste da Itália. Essa é uma uva com taninos presentes e, diferente dos riojanos que pegam a parte superior da língua e são em forma de lixa, neste caso são mais finos, percebidos em toda boca.

Com muita personalidade, o rótulo possui tonalidade granada, com aromas de frutas pretas em compotas, notas balsâmicas, além de caixa de charuto. No paladar, conta com acidez expressiva e taninos envolventes. 

Ótimo rótulo para acompanhar carré de cordeiro grelhado, ragu de ossobuco com polenta mole, além de espaguete ao molho vermelho e tábua de charcutaria. 

Borgo Reale Nebbiolo Langhe 3. Vicente Gandía Marqués del Turia Monastrell Shiraz 

O Marqués del Turia é um vinho tinto espanhol produzido na região de Valência. A vinícola Vicente Gandía, conhecida pela tradição e inovação, criou um blend de monastrell e shiraz, duas uvas com taninos marcantes.

A monastrell, casta autóctone espanhola, e a shiraz, popularmente cultivada na Austrália e no sul da França, combinam-se para formar um vinho com taninos intensos e persistentes, que secam toda a boca, oferecendo uma experiência robusta e envolvente. O clima quente de Valência contribui para a concentração de sabores, resultando em vinhos com boa estrutura tânica e grande potência.

Vale citar que o rótulo é uma homenagem à principal via que atravessa a cidade, onde localiza-se a vinícola. Ele apresenta coloração rubi, aromas de frutas pretas sobremaduras, como ameixas, além de especiarias e um toque defumado.

No paladar, é um vinho intenso com taninos envolventes, ideal para combinar lasanha à bolonhesa ou de berinjela, carnes vermelhas grelhadas e tapas com jamón e queijo.

Vicente Gandía Marqués del Turia Monastrell Shiraz

4. Vinecol Quinde Bonarda Orgânico

Quinde Bonarda Orgânico é um vinho tinto produzido na Argentina pela Vinecol, na região de Mendoza, uma das mais reconhecidas por seus vinhos de alta qualidade. A bonarda, uma casta que vem ganhando destaque no país, é conhecida por seus taninos marcantes, semelhantes à malbec, mas com uma expressão mais delicada.

Embora seja encorpada, apresenta taninos que secam mais na parte da frente dos dentes, criando uma sensação de secura e estrutura única. Isso faz dela uma ótima opção para quem busca vinhos com boa presença, mas com uma abordagem mais suave e sofisticada. Vale mencionar que o rótulo passa seis meses em barricas de carvalho francês. 

Além dessas características no paladar, o rótulo revela uma coloração púrpura, apresenta aromas de frutas pretas sobremaduras e um toque de especiarias, como pimenta-do-reino. Para combinar com os taninos do paladar, aposte em carnes vermelhas, como costela, para harmonizar, ou tomahawk e corte rib grelhados.

Vinecol Quinde Bonarda Orgânico

5. Michelini i Mufatto Vinos de Mar Tannat

Vinos de Mar é um tinto uruguaio produzido na região costeira do Uruguai, próxima ao Oceano Atlântico. A vinícola Michelini i Mufatto é reconhecida pela sua abordagem inovadora e pelo cuidado na produção de vinhos que expressam o melhor do terroir uruguaio.

A tannat, casta emblemática do país, é conhecida por seus taninos potentes, que proporcionam uma estrutura robusta, com a sensação de que os polifenóis “pegam” a boca inteira, proporcionando uma experiência firme e duradoura.

Durante a produção, a bebida passa por afinamento de oito meses em barricas de carvalho francês. O resultado é um vinho de coloração púrpura, notas de frutas pretas maduras, como ameixa e cassis, especiarias doces e alcaçuz. No paladar, os taninos equilibram-se bem com a acidez, harmonizando muito bem com a culinária uruguaia, como carnes vermelhas braseadas e carne de caça.


Michelini i Mufatto Vinos de Mar Tannat  

6. Luiz Argenta Corte Clássico

Luiz Argenta Corte Clássico é um tinto brasileiro produzido na Serra Gaúcha, um dos terroirs mais reconhecidos do Brasil para a produção de vinhos. O blend é composto por uvas merlot, shiraz e petit verdot, esta última vem ganhando destaque no Brasil devido à sua estrutura robusta e aos taninos potentes, que proporcionam um vinho de grande corpo.

Em particular, a casta contribui com uma intensidade tânica que confere ao vinho uma secura marcante e uma excelente capacidade de envelhecimento.

O rótulo produzido apresenta tonalidade rubi intensa, com aromas delicados de frutas vermelhas e toques de baunilha. Em boca, possui os taninos potentes, acidez equilibrada e bom volume em boca, interessante para acompanhar carnes vermelhas, massas com molhos vermelhos e queijo de média maturação, como o canastra.

 

Luiz Argenta Corte Clássico

Como escolher vinhos com mais ou menos taninos?

A quantidade de taninos em um vinho pode influenciar muito a experiência de degustação, proporcionando sensações de secura ou suavidade. Para escolher os rótulos, considere os seguintes fatores.

Variedade da uva

As concentrações de taninos variam conforme a casta. Já citamos aquelas em que eles são mais pronunciados. Agora, caso você queira rótulos que não tenham essa sensação, aposte naqueles elaborados por pinot noir, zinfandel e gamay, por exemplo.

Região de produção

O clima da região também afeta a quantidade de taninos. Locais mais quentes, como Califórnia e Argentina, tendem a produzir vinhos com taninos mais pronunciados, enquanto regiões mais frescas, como Bordeaux e Piemonte, produzem vinhos menos tânicos.  

Processo de vinificação

O tempo de maceração e o uso de barris de carvalho podem aumentar a quantidade de taninos extraídos. Vinhos com longa maceração ou envelhecimento em barris novos tendem a ter mais; já vinhos com maceração curta e envelhecidos em barris antigos geralmente têm menos. 

Barris de vinho.

O armazenamento do tinto em barris pode promover taninos mais pronunciados nos vinhos.

Estilo de vinho

Se você deseja um vinho mais tânico, procure bebidas encorpadas e estruturadas, como tintos argentinos e os italianos de Barolo. Para vinhos mais leves e suaves, escolha aqueles elaborados com castas com menor quantidade de taninos ou outros tipos, como brancos e rosés. Em geral, não costumam acentuar os sabores. 

Experimente e teste seu paladar

A melhor forma de escolher é experimentando. Note a sensação de secura que os taninos causam na boca e ajuste suas escolhas conforme seu gosto. 

Como taninos influenciam na escolha do prato?

Os taninos no vinho têm uma influência importante na harmonização com alimentos, pois eles afetam diretamente a percepção do sabor, a textura e a experiência sensorial. Alguns aspectos que influenciam são:

  • Alimentos gordurosos suavizam a sensação de secura. 
  • Proteínas ajudam a equilibrar a intensidade. 
  • Alimentos amargos podem intensificar a secura. Escolha vinhos mais frutados para equilibrar. 
  • Alimentos ácidos podem realçar a acidez do vinho e acentuar os taninos. 
  • Vinho tânico com alimentos doces deve ter uma boa quantidade de açúcar residual para equilíbrio do paladar. 
  • Temperos fortes podem tornar os taninos mais agressivos, prefira vinhos mais delicados.

Essas interações ajudam a escolher o prato ideal para acompanhar vinhos com taninos mais acentuados, criando combinações equilibradas e agradáveis.

Tábua com carne de churrasco com garrafa de vinho tinto ao lado.

Taninos combinam muito bem com proteínas, como a carne vermelha.

Taninos são substâncias que podem ser mais ou menos pronunciadas em rótulos a depender da casta utilizada para elaborar os vinhos. Agora que você já entende mais o que ela significa, é importante experimentar para compreender as nuances de cada uma das castas.

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Flávia

Sommelier internacional pela FISAR/UCS, pós-graduada em Marketing e Negócios do Vinho pela ESPM. Há 10 anos atuando no mercado e através de diversos canais de mídia especializados no mundo do vinho. Propago conhecimento para enófilos e amantes da bebida. Falar sobre vinhos é um prazer!

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