Guia de Uvas: Glera, a uva do espumante Prosecco

Você pode nunca ter ouvido falar sobre a uva Glera, porém, apesar de não ser tão reconhecida por seu nome, trata-se de uma casta muito popular em todo mundo. Ela serve de matéria-prima para os espumantes Prosecco, da região italiana do Vêneto.

Para saber tudo sobre a história dessa uva, bem como as características dos vinhos produzidos com ela e de suas borbulhas, leia este conteúdo até o fim!

Origem

Antes de iniciarmos, é importante esclarecer que a uva Glera só passou a ser chamada assim em 2009. Durante a maior parte de sua história, ela era conhecida como Prosecco, conforme explicaremos à frente.

Há diferentes versões a respeito da origem dessa uva. Algumas fontes afirmam que ela surgiu na Roma Antiga e, de acordo com os escritos do naturalista romano Plínio, o Velho, era conhecida como “vinum pucinum”.

Outros acreditam que ela tenha se originado na Eslovênia, onde é muito relevante até os dias de hoje.

Vinícola no Vêneto, região italiana em que a Glera se desenvoleu.

A partir do século 16, acredita-se que tenha sido citada em outros escritos, especialmente na região do Vêneto, na Itália. Apesar de levar outros nomes como Ribolla, Ribolla de Trieste ou até Prosecho, a descrição bate com as características da uva.

Os primeiros registros concretos, entretanto, datam do ano 1754, quando o poeta italiano Aureliano Acanti mencionou os vinhos Prosecco em seu livro “Il Roccolo Ditirambo”. O verso diz:

“E agora vou molhar a boca / com o aromático Prosecco /
De Monte Bérico, é perfeito / Prosecco eleito, você é maravilhoso”

Até o século 20, a produção de espumantes da uva foi se espalhando pela região do Vêneto, na Itália. Em geral, eram bebidas doces, muito similares aos vinhos de Asti, do Piemonte.

Foi na década de 1960 que os produtores locais passaram a implementar novos métodos de produção para elevar sua qualidade. Esse processo teve um efeito muito positivo tanto na qualidade dos Prosecco, que passaram a se diferenciar dos demais espumantes, quanto no reconhecimento da bebida a nível mundial.

Hoje, além da Itália, os espumantes da uva Glera (algumas vezes chamados erroneamente de Prosecco) são produzidos na Eslovênia, Croácia, Argentina, Austrália e Brasil.

Glera ou Prosecco?

Durante a sua história, a uva Glera foi chamada principalmente de Prosecco. A mudança de nome só ocorreu no ano de 2009, juntamente com o estabelecimento da nova denominação de origem do Vêneto.

Com a crescente popularidade dos espumantes Prosecco da região e o desenvolvimento de técnicas durante o século 20, os produtores locais decidiram que seria importante proteger sua qualidade por lei e entraram com o pedido junto aos órgãos responsáveis para delimitar sua denominação de origem.

A palavra “Glera” era o nome de uma das variações da uva até então chamada Prosecco, e foi escolhida para rebatizá-la.

Em 2009, a uva antes conhecida como Prosecco passou a se chamar Glera.

Em resumo: Prosecco é uma denominação de origem de espumantes da região do Vêneto, na Itália; Glera é o nome da uva, típica da região, e que serve como matéria-prima para esses vinhos, ou para espumantes de outras localidades do mundo.

Características

As bagas da uva Glera são esverdeadas, algumas vezes apresentando tons de branco e lilás. É comum que as videiras sejam muito produtivas, dando muitos frutos, porém amadurecem tardiamente.

Quando vinificados, dão origem a espumantes de corpo leve, com coloração amarelo palha bastante translúcida. A perlage – ou seja, a camada de borbulhas do espumante – costuma ser constante e persistente.

Com relação aos aromas, nota-se a presença de frutas brancas (pêssego, maçã verde, pera, melão), limão siciliano, flores brancas e mineralidade, com eventuais nuances de iogurte e nata.

Os espumantes da uva Glera podem variar de acordo com a quantidade de açúcar. Essa informação está contida no rótulo, conforme indicado abaixo:

• Brut: tem entre 0 e 12 gramas de açúcar residual por litro;
• Extra Dry: tem entre 12 e 17 gramas de açúcar residual por litro;
• Dry: tem entre 17 e 32 gramas de açúcar residual por litro.

Harmonização

Uma das harmonizações de espumantes da uva Glera é com… nada! Por ser versátil, é muito comum que sejam servidos antes de uma refeição, ou para aproveitar um dia de calor à beira da piscina com amigos, ou até em comemorações, como o Ano Novo.

Porém, se o seu objetivo é servir esse vinho acompanhado de um prato delicioso, também há muitas opções. A primeira são as entradas, como carnes curadas (presunto, pastrami, jamón), castanhas e focaccia.

Prosecco e carnes curadas são uma excelente combinação!

As comidas asiáticas também são uma ótima harmonização, especialmente quando condimentadas e apimentadas. Outra sugestão é servir um espumante da uva Glera com uma tábua de sushis e sashimis.

Para quem gosta de queijos, esses vinhos são uma excelente opção, pois combinam com uma grande variedade: parmesão, muçarela, gorgonzola, ricota, emmental e queijo de cabra são alguns deles.

Por fim, não podemos deixar de citar uma das harmonizações mais comuns do Vêneto: panetone e Prosecco. Nesse caso, é importante escolher uma variação mais adocicada.

Apesar de também ser plantada em outras regiões do mundo, é no Vêneto que a uva Glera encontra seu melhor terroir. Lá, é usada para fazer os espumantes Prosecco, que são aromáticos, podem ser desfrutados em diversas ocasiões e harmonizam com uma grande diversidade de pratos.

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Flávia

Sommelier internacional pela FISAR/UCS, pós-graduada em Marketing e Negócios do Vinho pela ESPM. Há 10 anos atuando no mercado e através de diversos canais de mídia especializados no mundo do vinho. Propago conhecimento para enófilos e amantes da bebida. Falar sobre vinhos é um prazer!