Guia de uvas: sangiovese, a joia da Toscana
A uva sangiovese é muito importante para a vinicultura italiana. Cultivada na região da Toscana há séculos, está diretamente atrelada a importantes denominações de origem, e hoje é a variedade mais cultivada do país, ocupando cerca de 55 mil hectares.
Mas, afinal, qual o segredo para que se mantenha relevante durante tantos anos? Leia para saber mais sobre a origem, as características e dicas de harmonização da principal uva da Toscana!
Origem da uva sangiovese
A história do vinho sangiovese está diretamente ligada à da região da Toscana. Acredita-se que a civilização etrusca, que habitava a área no primeiro milênio antes de Cristo, já cultivava a uva. Posteriormente, o fruto também fez parte da vinificação romana.
Sua primeira menção oficial se deu nos escritos do agrônomo Giovanvettorio Soderini, quando ainda era chamada de Sanghiogeto. Seu cultivo se expandiu até atingir notoriedade durante o século 18.
Por volta do ano 1872, o estadista e vinicultor Bettino Ricasoli reformulou a fórmula da denominação de origem Chianti, que até hoje tem como principal ingrediente a uva Sangiovese toscana.
Nos anos seguintes, a cepa atingiu seu pico de popularidade, sendo muito apreciada no mundo todo. Por volta de 1970, sua vinificação foi modernizada com a utilização de técnicas de passagem por barrica e a mistura com uvas de fora da Itália, como a cabernet sauvignon.
Os vinhos elaborados a partir do corte entre as uvas sangiovese e cabernet sauvignon ficaram conhecidos como supertoscanos (ou Super Tuscan) e, por mais que italianos mais tradicionais não tenham apreciado esse tipo de exemplar, esses rótulos são amplamente reconhecidos e aclamados no mercado internacional, principalmente em países como os Estados Unidos.
Hoje, a sangiovese mantém sua popularidade e permanece há algumas décadas como a variedade mais cultivada da Itália, representada principalmente por denominações de origem como Brunello di Montalcino e Chianti.
Também é cultivada em outras regiões do mundo em vista de sua alta adaptabilidade e capacidade de traduzir o terroir de diferentes áreas. Alguns dos países que possuem videiras da uva sangiovese são Argentina, Romênia, França, Estados Unidos e Austrália, porém em menores quantidades.
O nome “Sangiovese”
Como já citamos, a civilização romana foi responsável pela expansão da uva. A palavra Sangiovese deriva de sang di Giove, que em tradução literal da língua latina significa Sangue de Júpiter.
Na mitologia greco-romana, Júpiter é o deus dos céus e dos trovões. Segundo a lenda, toda vez que seu sangue ferve, são expelidas chamas da caverna na ilha de Creta em que ocorreu seu nascimento, uma provável referência a vulcões da região.
Há outras teorias de que o nome teria se originado de outros termos, entretanto, essa é a mais aceita.
Características da uva sangiovese
Como mencionamos anteriormente, a uva sangiovese se adapta em diferentes terroirs. Isso também quer dizer que as características de seus frutos podem variar conforme a região onde ela é produzida.
Em Chianti, por exemplo, a uva sangiovese apresenta pele mais fina e frutos menores. Quando cultivada em Montalcino, por outro lado, sua casca é mais grossa e seus bagos maiores.
Os bagos da uva sangiovese são pequenos e seus cachos compridos. Além disso, tem coloração roxo-azulada. Sua casca, entretanto, possui pouca quantidade de polifenóis, o que faz que a coloração de seus vinhos seja pouco intensa – com tonalidades granada.
No paladar, a principal característica da cepa é a acidez elevada. Trata-se de uma uva curinga, que pode render desde rótulos leves e frutados a rústicos e intensos, dependendo do método de vinificação empregado.
Também é conhecida pela complexidade aromática de seus vinhos. No nariz, pode revelar notas de frutas como ameixas, cerejas, morangos e framboesas, além de notas de flores secas e até balsâmicas, além de toques de especiarias.
Uva sangiovese: harmonização
Na hora de criar harmonizações com vinhos da uva sangiovese, nada melhor do que investir em pratos da culinária italiana. Contudo, a intensidade da refeição escolhida vai depender das características do rótulo, que pode variar bastante, como já mencionado.
Em linhas gerais, é a potência do prato que determina a intensidade do vinho. Por isso, o ideal é encontrar semelhanças entre o alimentos e as características do rótulo, como temperos do molho com os aromas do vinho escolhido.
Começando pelas carnes, prefira cortes com sabor equilibrado, sem excesso de gordura. Alguns exemplos são lombo suíno, filé mignon bovino, carré de cordeiro e aves assadas. Carnes curadas, como salame, presunto cru e copa, também são muito bem-vindas!
Frutos do mar, como lagosta, lagostim e camarão, podem ser uma boa escolha, desde que tenham molhos carregados e que elevem sua intensidade aromática e de sabor.
Também combinam bem com vegetais grelhados, como berinjela, pimentão, tomate e abobrinha. Uma sugestão é apreciá-los com um bom ratatouille temperado com orégano e tomilho.
A harmonização mais comum associada à uva Sangiovese é com massas ao molho vermelho. Os vinhos têm intensidade e acidez equivalente a esse tipo de prato e costumam apresentar aromas de ervas e tomate, gerando uma ótima similaridade. É a bebida ideal para apreciar lasanha, macarrão ao sugo, nhoque e pizzas.
No caso das pizzas, a clássica margherita, com bastante queijo, é uma opção de harmonização excelente, desde que combinada com exemplares de corpo médio e alta acidez.
Para rótulos mais encorpados e intensos, como os brunellos, o ideal é investir em risotos com queijos de pasta dura ou pratos da culinária italiana à base de carnes vermelhas magras.
- Leia também: Descubra harmonizações entre massas e vinhos
Por fim, os queijos recomendados para esse tipo de vinho são os mais curados e de pasta dura, como parmesão, pecorino romano e grana padano. Quanto mais envelhecidos, melhor será a experiência!
Harmonização | |
Carnes | lombo suíno, filé mignon e aves assadas; carnes curadas |
Frutos do mar | lagosta, lagostim e camarão com molho carregado |
Vegetais | vegetais assados, ratatouille |
Massas | massas ao molho vermelho; pizzas de calabresa e margherita |
Queijos | parmesão, pecorino romano e grana padano |
Vinhos sangiovese no Divvino
O Divvino conta com uma seleção exclusiva de rótulos da uva sangiovese. Dentre eles, podemos destacar os vinhos produzidos pela vinícola Valvirginio, que há mais de 50 anos elabora exemplares requintados e de alta qualidade.
Rosato Toscano Valvirginio
Varietal da uva sangiovese, esse vinho rosé apresenta coloração rosada intensa, notas de frutas vermelhas e final de boca frutado. Uma excelente escolha para harmonizar com charcutaria — como salame, presunto cru e outros embutidos — além de massas e frios!
Com a pontuação de 93 pela classificação de Luca Maroni, é um ótimo rótulo para quem quer experimentar vinhos da uva sangiovese. Clique aqui para conferi-lo!
Collerosso Chianti Colli Fiorentini
Mais uma opção de varietal sangiovese, este exemplar é produzido na região de Chianti Colli Fiorentini, na Toscana. Com um período mínimo de 12 meses estagiando em barris de carvalho, este tinto elegante apresenta cor vermelho rubi, notas frutadas, leve tostado e aromas de baunilha.
Seus taninos são macios, harmonizando bem com pratos italianos à base de carnes vermelhas. É um vinho pontuado com 92 pontos Luca Maroni e bronze no Decanter World Wine Awards. Clique aqui para conferi-lo!
Se tem uma palavra que define bem a uva Sangiovese é versatilidade, seja na variedade de características que seus vinhos podem obter ou nas inúmeras opções de pratos para harmonização.
No Divvino, você encontra uma grande variedade de rótulos dessa importante uva italiana. Para conferir nossa seleção, clique no banner abaixo!
Flávia
Sommelier internacional pela FISAR/UCS, pós-graduada em Marketing e Negócios do Vinho pela ESPM. Há 10 anos atuando no mercado e através de diversos canais de mídia especializados no mundo do vinho. Propago conhecimento para enófilos e amantes da bebida. Falar sobre vinhos é um prazer!