Entenda a influência de vinhas velhas no perfil dos vinhos
As videiras, também conhecidas como vinhas, são as plantas responsáveis pela produção das uvas. Quando bem cultivadas, elas podem continuar gerando frutos por cerca de 100 anos, embora algumas ultrapassem essa marca e continuem produzindo.
Com o passar do tempo, as vinhas velhas vão se transformando, o que transparece em seus frutos. Para muitos produtores, isso proporciona características únicas nos vinhos com relação à concentração de sabores e aromas.
Ficou curioso para saber mais? Leia até o fim e descubra por que as vinhas velhas geram vinhos incríveis e deliciosos!
Como funciona o ciclo da videira?
Para compreender as diferenças entre vinhas velhas e jovens, antes, é essencial entender como funciona o ciclo comum dessa planta, responsável pela geração de boa parte dos vinhos que consumimos.
A primeira informação importante é que as videiras são plantas cíclicas: se desenvolvem e produzem durante a primavera e o verão, e pausam seu crescimento durante o inverno e o outono.
Para que elas sejam duradouras e produzam boas uvas viníferas, é necessário que sofram intervenção do ser humano. Do contrário, seu ciclo de vida pode ser rápido, durando poucos anos.
Durante os primeiros anos após seu plantio, os enólogos impedem que elas deem flores e frutos, pois, dessa forma, todos os nutrientes da planta são utilizados para que ela cresça com saúde.
Geralmente, é a partir do terceiro ano que a videira passa a frutificar, alcançando a idade adulta aos oito anos. Ela mantém uma boa produção por pelo menos 25 anos, enquanto sua raiz se afunda cada vez mais e seus galhos se expandem para as laterais.
O que são vinhas velhas?
Após seu trigésimo ciclo, essa já pode ser considerada uma “vinha velha”, embora não haja uma definição exata para o termo. Isso porque, desse ponto em diante, ela passa a ser menos fértil, já que os galhos se retraem, porém a raiz continua a se desenvolver verticalmente.
Como há menos ramos para que os nutrientes sejam distribuídos, as uvas que frutificam passam a concentrar mais propriedades. Isso afeta diretamente nos aromas e nos sabores do vinho após a vinificação.
Além disso, sua raiz mais funda consegue puxar água e nutrientes de camadas mais profundas que as vinhas comuns. Como consequência, as safras são mais constantes, com menos variações em termos de características.
Por fim, os produtores não precisam se preocupar com a má maturação das uvas, um problema muito comum em videiras novas. Todo esse processo de décadas proporciona mais constância no desenvolvimento das uvas, bem como de seus taninos.
Algumas das regiões vinícolas mais famosas pela presença de vinhas antigas são Languedoc, no sul da França; Santorini, na Grécia; e Lodi, nos Estados Unidos. A videira ativa mais antiga do mundo está localizada em Maribor, na Eslovênia.
Desvantagens das vinhas velhas
É claro que nem tudo são flores. Apesar de proporcionar benefícios com relação às características da uva, alguns produtores preferem não trabalhar com vinhas antigas justamente por sua menor produção.
Quanto mais envelhecem, mais perdem seus ramos e menor é o número de uvas colhidas pela vinícola. Como consequência, menor será a quantidade de vinhos produzidos naquela safra.
Em outros casos, as vinícolas têm vinhas de idades diferentes para gerar vinhos distintos. Dessa forma, é possível desvendar como vinhas de idades diferentes se comportam em um mesmo terroir.
Como são os vinhos de vinhas antigas?
Conforme mencionamos há pouco, as uvas das vinhas antigas tendem a desenvolver nuances muito diferentes quando comparadas aos frutos de videiras mais novas. Ao serem vinificadas, esses fatores também aparecem.
As características mais associadas aos vinhos de vinhas antigas são complexidade e profundidade de sabores, causados pela maior concentração de nutrientes em menos uvas.
Além disso, como são plantas que maturam melhor e têm mais resistência a intempéries (se bem cultivadas, é claro), costumam apresentar maior presença de taninos e concentração de aromas frutados.
Isso não significa, entretanto, que uvas de vinhas novas não podem originar bebidas com essas características. É sempre importante lembrar que os frutos são apenas um dos fatores utilizados para gerar vinhos, e os vinicultores são capazes de cultivá-los de acordo com a sua intenção para o seu produto. A grande questão é que o uso de videiras antigas pode facilitar esse processo.
Os vinhos são resultados de longos processos, sejam eles realizados pelo ser humano ou pela própria natureza. As vinhas antigas são uma prova disso, pois são capazes de mudar consideravelmente as características de suas uvas e gerar bebidas únicas.
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Flávia
Sommelier internacional pela FISAR/UCS, pós-graduada em Marketing e Negócios do Vinho pela ESPM. Há 10 anos atuando no mercado e através de diversos canais de mídia especializados no mundo do vinho. Propago conhecimento para enófilos e amantes da bebida. Falar sobre vinhos é um prazer!