Guia completo: descubra o que são vinhos naturebas
O consumo de vinho evolui todos os anos, e os hábitos dos consumidores são constantemente englobados à produção da bebida. É o caso dos vinhos naturebas, uma tendência em expansão e que vem cativando cada vez mais adeptos.
Há diversos tipos de vinhos que podem ser englobados nessa categoria, cada um com métodos de produção e características. No post a seguir, listamos cada um deles, bem como suas especificações. Boa leitura!
O que são vinhos naturebas
Podemos chamar de naturebas todos aqueles vinhos que são produzidos apenas a partir de uvas fermentadas, ou seja, não utilizam aditivos em seus processos de vinificação.
Dentro dessa categoria, é possível citar quatro principais tipos. Confira cada um deles a seguir, bem como suas principais características.
Vinhos naturais
Muitos produtores divergem sobre o que é um vinho natural, já que não há uma definição legal para o termo. A descrição mais comum é que se trata de um produto do mosto de uvas fermentadas com leveduras naturais.
Quem chegou a essa definição no início do século 20 foi o negociante francês Jules Chauvet. Nascido na quarta geração de uma família de vinicultores, dedicou sua vida a pesquisas sobre a química e a biologia da bebida, e publicou diversos artigos sobre a ciência de técnicas de vinificação.
Além disso, Chavet é reconhecido por sua habilidade na degustação de vinhos, e, segundo muitos, era capaz de identificar as nuances mais sutis na bebida.
Segundo ele, para produzir um vinho orgânico, não se deve empregar agrotóxicos e nem conservantes químicos, e a colheita precisa ser feita manualmente. Também é muito comum que a produção tenha uma escala menor, gerando poucas garrafas por safra.
Por todo esse apreço no processo de vinificação, é comum que sejam um pouco mais caros que os vinhos industrializados e que não seguem os mesmos conceitos.
Vinhos orgânicos
Os vinhos orgânicos seguem a mesma lógica dos naturais, porém com algumas características a mais. Nesse caso, é necessário que a produção tenha uma regulação, prevista pelo órgão regulamentador de alimentação orgânica de cada país. No Brasil, é representada pela Associação de Certificação Instituto Biodinâmico (IBD).
Os produtores desse estilo de vinho, além de não poderem utilizar químicos ou industrializados, devem prezar por um manejo ecologicamente correto, apenas com produtos de origem natural.
Na Europa, os órgãos responsáveis permitem que os produtores adicionem sulfitos aos vinhos, porém em quantidades menores que as utilizadas nas bebidas convencionais.
É importante ressaltar que esses conceitos ainda são novos e estão em constante desenvolvimento. Novos debates com relação a vinhos orgânicos ocorrem a todo momento, e a legislação está em constante atualização.
Vinhos biodinâmicos
A produção de vinhos biodinâmicos é a junção dos processos orgânicos a outros conceitos, como os de organismos agrícolas (integração de todas as atividades de uma propriedade), preparados homeopáticos e a utilização de um calendário astronômico com as melhores datas para as atividades da lavoura.
Para ser biodinâmico, é necessário que o rótulo cumpra as regras do selo Demeter, uma organização norte-americana que regulamenta esse estilo de vinho. No Brasil, é representada pela Associação de Certificação Instituto Biodinâmico (IBD).
A agricultura biodinâmica foi proposta no início do século 20 pelo filósofo e artista alemão Rudolf Steiner. Ele acreditava que o uso excessivo de químicos causava a exaustão do solo, e consequentemente, diminuía a qualidade dos frutos gerados.
Na Serra Gaúcha, podemos encontrar alguns produtores que adoram esse tipo de manejo, como a vinícola Don Giovanni. Há mais de um século no ramo de vinificação, viraram adeptos da agricultura biodinâmica há alguns anos.
Vinhos veganos
Durante a produção do vinho, é necessário que se separe o mosto do líquido. Para acelerar esse processo, muitos produtores utilizam gelatinas de origem animal, ou seja, impróprias para pessoas que seguem uma alimentação vegana.
Nem sempre essa informação está disponível no rótulo, então é necessário se informar a respeito dos processos de cada produtor. No site colaborativo Barnivore, é possível conferir se algumas vinícolas são ou não veganas.
Vinhos naturebas x vinhos convencionais
Com o surgimento dos conceitos de cada tipo de vinho natureba, também se originaram discussões sobre se essas bebidas têm mais qualidade que os rótulos convencionais.
Essa questão, entretanto, é inconclusiva. Evidentemente, cada técnica empregada na produção de um vinho pode alterar seu resultado final. Porém, isso não quer dizer que a bebida será melhor ou pior.
Por exemplo: como os vinhos naturebas não têm aditivos, é preciso que tenham um índice maior de conservantes naturais, como taninos, acidez e álcool. Essas características influenciam diretamente no paladar de quem os degusta.
Para quem não gosta de bebidas com nuances pronunciadas como essas, pode não ser ideal consumir rótulos sem esses aditivos.
Além disso, podemos destacar o crescimento da busca pela alimentação orgânica como estilo de vida. Para quem prefere consumir alimentos sem nenhum tipo de conservante, os vinhos naturebas podem ser uma ótima alternativa tanto ao paladar quanto ao bem-estar pessoal.
Vinhos naturebas e saúde
Hoje, ainda não há fontes que comprovem que os vinhos naturebas sejam melhores para a saúde que as bebidas convencionais. Porém, quando analisamos a filosofia por trás dos métodos, é possível enxergar alguns diferenciais.
Ao prezar por vinhos cultivados de formas mais naturais, estamos contribuindo para a diminuição da emissão de tóxicos na natureza e ingerindo alimentos em sua forma mais natural. Do ponto de vista de consciência ambiental a longo prazo, essa pode ser uma ótima forma de conservar o corpo humano e também o meio ambiente.
Os vinhos naturebas são uma tendência e uma opção viável para pessoas que prezam por alimentos com manejos naturais e sem a adição de tóxicos.
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Flávia
Sommelier internacional pela FISAR/UCS, pós-graduada em Marketing e Negócios do Vinho pela ESPM. Há 10 anos atuando no mercado e através de diversos canais de mídia especializados no mundo do vinho. Propago conhecimento para enófilos e amantes da bebida. Falar sobre vinhos é um prazer!