Vinhos da Toscana: particularidades dos rótulos italianos
Uma das maiores regiões centrais da Itália, seja em território ou número de habitantes, a Toscana — também chamada de Toscânia — tem como capital a cidade de Florença. Conhecida mundialmente como o berço do renascimento, é composta, ainda, por mais nove províncias: Arezzo, Grosseto, Livorno, Luca, Massa-Carrara, Pisa, Pistoia, Prato e Siena.
Dentre a paisagem natural da área que tem mais de três milhões de habitantes, os montes Apeninos e as praias da ilha de Elba no Mar Tirreno costumam atrair turistas todos os anos. Contudo, são os vinhos da Toscana que conquistam paladares e corações graças à altíssima qualidade que possuem.
Quer conhecer melhor as peculiaridades dessa produção, assim como o terroir da área, as uvas mais populares e, é claro, rótulos indispensáveis? Siga com a leitura deste texto!
Terroir da Toscana
A grande responsável pelo encantamento com os vinhos produzidos na região, sem dúvidas, é a junção de todos os aspectos que caracterizam o terroir da Toscana. Sejam eles os ciprestes imponentes, os vales que rondam os vinhedos, o clima moderadamente quente e até mesmo o fato de algumas produções serem realizadas em locais de altitude superior.
O território, que se estende pela costa ocidental da Itália, forma um triângulo banhado por dois mares: o Mar Tirreno e o Mar da Ligúria, protegido por uma cadeia montanhosa dos Apeninos na parte continental.
No local, a medida exata de luz e calor são suficientes para que as uvas da Toscana — falaremos delas em breve — amadureçam de forma espontânea e consciente.
Contudo, são dois os tipos de solos principais que caracterizam os vinhos toscanos e fortalecem o desenvolvimento das diferentes castas que servem como base para a produção da bebida. São eles o Galestro e o Alberese.
Solo Galestro
O Galestro é um tipo de solo de argila-calcário quebradiço. Portanto, ele é rico em elementos minerais preciosos que colaboram com a saúde das videiras. É mais encontrado na região Chianti Clássico.
Solo Alberese
Rígido e compacto, o Alberese possui uma maior concentração de arenito, o que o torna um solo sedimentar. Nesse sentido, é adequado para a obtenção de vinhos mais estruturados, com taninos que se sobressaem no paladar, assim como os de longo envelhecimento.
Quais são as uvas da Toscana?
É impossível pensar na produção de vinhos italianos e não lembrar da grande variedade de uvas que o país é capaz de cultivar graças às particularidades encontradas em todo o território. No entanto, quando falamos sobre vinhos toscanos, há alguns tipos de uva que se sobressaem, como é o caso da sangiovese, a trebbiano, a merlot, a cabernet sauvignon, a malvasia e a canaiolo. Conheça mais a respeito delas a seguir!
Sangiovese
Nativa da Toscana e popular na produção de vinhos tintos, a uva sangiovese pertence à família da vitis vinifera, podendo ser conhecida também como sangiovese grosso, brunello, morellino, prugnolo, prugnolo gentile, sangioveto, tignolo ou até mesmo uva canina.
Isso porque, ao passar dos anos, algumas mutações foram realizadas a partir dessa espécie, cujos clones possuem algumas diferenças básicas, como espessura da casca — é o caso da Sangiovese Grosso, que gera vinhos mais encorpados.
Como característica, ela proporciona aos vinhos altos níveis de acidez e tanino, resultando em aromas que remetem às cerejas vermelhas e notas balsâmicas.
É mais utilizada na produção dos vinhos de Chianti, Brunello di Montalcino, Rosso di Montalcino, Montepulciano, além dos cortes dos Supertoscanos.
Como são os vinhos Brunello di Montalcino?
Entre os rótulos italianos mais renomados, o Brunello di Montalcino tem seu lugar de destaque. O vinho tinto é elaborado 100% a partir da sangiovese, na comuna de Montalcino — uma das que compõem a região da Toscana.
Com um período de envelhecimento de dois anos em barris de carvalho e de quatro meses em garrafas, são rótulos que apresentam, no mínimo, 12% de graduação alcoólica, sendo engarrafados em garrafas do estilo Bordeaux, de vidro escuro, e lacradas com rolhas de cortiça.
De coloração rubi intensa, no olfato revela aromas de frutas negras e maduras, assim como toques de baunilha e notas de especiarias. Tem acidez vibrante e forte estrutura tânica.
Como são os vinhos Nobile di Montepulciano?
Ao lado do Brunello, os rótulos Nobile de Montepulciano também trazem até 70% da sangiovese como destaque principal. Ao passo que os outros 30% pode ser composto de outras cepas cultivadas ou autorizadas na Toscana.
A casa leva o nome da mesma cidade que surgiu sobre um antigo assentamento etrusco, sendo famosa, atualmente, por seus belos palácios e adegas medievais.
Com uma história longeva — há menções ao vinho que datam há mais de 2000 anos — foi, durante muito tempo, o vinho preferido dos nobres da região italiana.
Os rótulos Vino Nobile di Montepulciano que levam o selo D.O.C.G — Denominazione D’Origine Controllata e Garantita —, responsável por autenticar a qualidade da bebida de origem italiana, são originários de vinhedos entre 250 e 600 metros acima do nível do mar, com produção máxima de 8 toneladas por hectare.
O que são os vinhos Supertoscanos?
Quanto aos vinhos supertoscanos, são tintos elaborados na região vitivinícola da própria Toscana e podem incluir uvas que não são autóctones da região, como no caso da cabernet sauvignon, cabernet franc, merlot e syrah.
Eles começaram a ser criados para desafiar as leis de produção da região que, em meados dos anos 1970, não possuía tanto renome — exceto pelos Chiantis. A fim de elevar a qualidade da bebida italiana e torná-la mais agradável aos paladares internacionais, as castas de outros países começaram a fazer parte das produções.
Eles se diferenciam ainda dos vinhos tradicionais da Toscana pois, no método de produção, a fermentação é feita por meio de tanques de cimento, enquanto que o envelhecimento se dá ao armazenamento em barris de carvalho.
Trebbiano
Acredita-se que a uva trebbiano seja utilizada para fins vinílicos desde o começo da civilização ocidental, ainda durante a Roma Antiga. Na Itália, ela é a espécie que dá origem ao vinho branco da Toscana em rótulos como Trebbiano d’Abruzzo, Trebbiano di Aprilia, Trebbiano di Capriano del Colle e Trebbiano di Romagna.
De cachos compridos e largos, assim como amadurecimento tardio, é um tipo de uva que se adapta bem a diferentes terroirs, já que também é encontrada em outros países, como França — lá, ela recebeu o nome de Ugni Blanc — e Argentina.
No paladar, traz refrescância e elegância. Possui coloração amarelo-intenso, corpo leve e uma acidez alta, característica. No olfato, traz notas de frutas cítricas, como lima e limão, além de frutas verdes, como maçã verde. A mineralidade também se faz presente.
Merlot
Versátil, a uva merlot é famosa por ter aromas e sabores frutados que costumam agradar os iniciantes no universo dos vinhos, assim como aqueles que não dispensam um rótulo clássico.
As bebidas produzidas a partir dessa uva que, apesar de ser originária da França, na região de Bordeaux, também encontrou um lugar na Toscana, contam com taninos macios e acidez marcante.
De coloração púrpura, ela proporciona um tom rubi com bordas violáceas em rótulos jovens. Nos envelhecidos, os tons acastanhados ficam evidentes. No aroma, é possível sentir notas de ameixa e chocolate.
Além disso, a merlot pode ainda ser utilizada em um blend com a sangiovese, proporcionando mais maciez ao vinho.
Cabernet sauvignon
Outra cepa francesa que serve à produção de vinhos toscanos é a da uva cabernet sauvignon, comumente encontrada nos supertoscanos.
Safras como Sassicaia, Tignanello, Solaia, Ornellaia, L’Apparita e Masseto utilizam-se da cepa, o que torna os rótulos mais adaptáveis ao paladar internacional.
No caso da cabernet sauvignon, a uva aporta taninos e longevidade, oferecendo aromas de frutas negras à bebida.
Malvasia
Por ter um alto teor de açúcar residual, a malvasia é popular na produção de vinhos doces, ao lado da Trebbiano, e também está entre as uvas mais famosas da região.
Forte e capaz de bons rendimentos, conta com uma enorme quantidade de subvariedades. Contudo, as características que se sobressaem vão depender do estilo do vinho.
Nos brancos, a malvasia tem aromas que remetem a damasco, pêssego e passas brancas. Ao passo que nos tintos, nota-se chocolate, nozes, notas e cacau, caixa de charuto, trufas negras e castanhas.
Canaiolo
A canaiolo é uma uva tinta nativa da Toscana, comumente utilizada em blends com a sangiovese. É, também, extremamente importante para a composição de um dos vinhos italianos mais famosos, o Chianti, assim como o Vino Nobile di Montepulciano.
Com boa resistência, ela entrega um aroma notável e coloração mais densa e escura que outras cepas, o que a torna um tipo de casta ideal para vinhos de corte, acentuando os sabores herbáceos, adicionando taninos suaves e aromas elegantes às combinações.
Vin Santo: tradição italiana
Fortemente marcada pela tradição judaico-cristã, a Itália encontra nos rituais religiosos não só uma fonte de fé, mas também a oportunidade de seguir mantendo viva tradições importantes para o país da bota, como é o caso da Páscoa.
Na Toscana, à mesa, toda a simbologia da maior celebração do cristianismo, que invoca a ressurreição de Cristo, segue sendo preservada. Um fator que colabora com tal feito é o fato do local ser origem do chamado vin santo — ou, em bom português, vinho santo.
Única e especial, a bebida invoca a sacralidade, sendo produzida apenas na Itália. Contudo, hoje em dia, está entre os conhecidos “vinhos de sobremesa”, podendo ser apreciada após o final de uma refeição ou no café da tarde.
Branco e licoroso, ele é produzido a partir de uvas semiapassite (ou semipassificadas), ou seja, com variedades parcialmente transformadas em passas. Podem ser elas as cepas trebbiano, malvasia, san colombano, canaiolo e grechetto bianco, assim como canaiolo nero ou as próprias sangiovese.
Quanto à harmonização, o vin santo é servido com o cantucci, uma espécie de pão típico da região.
Conheça os vinhos da Toscana
Quem visita a Toscana desfruta da grande hospitalidade dos produtores e de toda a população que vive no local, partilhando momentos que perpassam a colheita, a vinificação e a degustação dos vinhos originários da região.
Contudo, também é possível se deliciar com os rótulos da região sem precisar sair de casa. Para isso, é só experimentar os vinhos Valvirginio da vinícola Colli Fiorentini.
Entre o moderno e o tradicional, a vinícola é uma das principais produtoras da Itália e a maior da Chianti, criando rótulos requintados, elaborados e de alta qualidade graças à preservação e proteção dos 1.500 hectares de paisagem da Toscana.
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Flávia
Sommelier internacional pela FISAR/UCS, pós-graduada em Marketing e Negócios do Vinho pela ESPM. Há 10 anos atuando no mercado e através de diversos canais de mídia especializados no mundo do vinho. Propago conhecimento para enófilos e amantes da bebida. Falar sobre vinhos é um prazer!