Vinhos de garagem: um estilo rústico e alternativo
Quando falamos em produção de vinhos, é comum que a primeira imagem que venha à mente sejam as grandes vinícolas, com plantações extensas e uma série de aparatos à disposição. Porém, tem crescido muito o número de pequenos produtores, que apostam na fabricação em pequena escala.
Nesse sentido, uma tendência que tem se popularizado nos últimos anos são os vinhos de garagem. Com caráter mais autoral, são feitos em pequenas propriedades de forma totalmente artesanal.
Se você gosta de se aventurar no mundo dos vinhos, continue a leitura e saiba o que são e como são feitos os rótulos desse estilo!
O que são vinhos de garagem?
Em linhas gerais, os vinhos de garagem são feitos de forma artesanal em pequenas instalações. Todo o processo de produção é acompanhado pelo vinhateiro, o que acaba lhe conferindo esse caráter mais autoral.
Os produtores desse estilo de vinhos têm como objetivo resgatar processos mais rudimentares. Trata-se de um movimento que vem na contramão das regras, abraçando as “imperfeições” que podem surgir durante o processo.
Os vinhos de garagem são produzidos em pequenos ambientes.
É habitual que não sejam adicionados conservantes, como dióxido de enxofre, e nem utilizados clarificantes para separar a borra. Por essas características, muitas vezes podem se enquadrar na categoria de vinhos naturebas e até veganos, dependendo do produtor.
O número de garrafas produzidas também acaba sendo consideravelmente menor, raramente ultrapassando as mil unidades, já que não há processos de automatização envolvidos.
O resultado são bebidas com personalidade, muito diferentes quando comparadas a rótulos de grandes vinícolas. As características são mais rústicas e, muitas vezes, não refletem nem mesmo os traços do terroir da região.
Origem dos vinhos de garagem
O movimento dos vinhos de garagem é relativamente recente, visto toda história milenar de produção da bebida. Os primeiros produtores a se aventurarem nesse estilo foram o casal francês Jean-Luc Thunevin e Murielle Andraud.
Em 1989, compraram uma pequena terra de 0,6 hectare em Saint-Émilion, localizada dentro da região vinícola de Bordeaux. Para se ter uma ideia, o tamanho médio das vinícolas na Europa é de cerca de 20 hectares, porém algumas chegam a medir centenas e até milhares.
O casal resolveu quebrar as regras da região, produzindo vinhos de forma completamente artesanal, com uma safra limitada ao número de 1.500 garrafas.
Os primeiros tanques de fermentação e barricas de carvalho foram acomodados justamente na garagem, o que inspirou o jornalista Robert Parker a chamar aquelas bebidas de “vin de garage”, ou, em português, vinhos de garagem.
Além de Parker, a vinícola, batizada como Château Valandraud, passou a atrair a atenção de jornalistas, enólogos e enófilos, recebendo ótimas críticas e inspirando uma geração de produtores a seguir seu exemplo e buscar o próprio diferencial na hora de fazer vinhos.
Confira, no vídeo abaixo, um exemplo de produção garagista feita no Brasil pelo Clube do Vinho Artesanal.
Vinhos de garagem x vinhos de boutique
O termo vinho de boutique também é utilizado para denominar bebidas que têm um manejo mais artesanal e uma produção limitada a menos garrafas. Qual seria, então, a diferença entre esses e os vinhos de garagem?
Por muito tempo, os termos foram utilizados como sinônimos, e para muitos, ambos os estilos permanecem tendo o mesmo significado. Porém, para alguns especialistas, há uma pequena diferença.
O termo “vinhos de boutique” também pode se referir a bebidas artesanais.
A terminologia vinho de garagem costuma ser utilizada para se referir a rótulos feitos de maneira mais rudimentar e artesanal. Já a expressão vinho de boutique diz respeito a rótulos produzidos da mesma maneira, porém com o emprego de técnicas mais modernas.
Vale lembrar que essa diferença não é vista por todos, e pode acontecer de ambos os termos serem utilizados com o mesmo intuito.
A procura por vinhos de garagem tem aumentado todos os dias, já que muitos enófilos têm curiosidade por degustar seu estilo e personalidade. Se você é um “enoaventureiro”, a experiência vale muito a pena!
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Flávia
Sommelier internacional pela FISAR/UCS, pós-graduada em Marketing e Negócios do Vinho pela ESPM. Há 10 anos atuando no mercado e através de diversos canais de mídia especializados no mundo do vinho. Propago conhecimento para enófilos e amantes da bebida. Falar sobre vinhos é um prazer!
