Vinhos do Velho Mundo: o que são e quais as características
Você já ouviu falar em vinhos do Velho Mundo? Essa nomenclatura é muito utilizada por sommeliers e enólogos para categorizar bebidas. Ao contrário do que muitos pensam, o termo não se refere só à sua origem, mas é carregado de significados e características.
A seguir, explicamos qual a origem do termo, seus significados e as características das bebidas. Continue a leitura e confira!
Afinal, o que é Velho Mundo?
De maneira bem simples e direta, podemos chamar de vinhos do Velho Mundo todos os produzidos em regiões historicamente importantes para a vinicultura, como a Europa, o norte da África e o Oriente Próximo.
Popularmente, essa nomenclatura é utilizada para falar sobre os vinhos europeus, fabricados na Itália, França, Espanha, Alemanha e Portugal.
Origem do termo
O termo “Novo Mundo” foi criado pelo navegador italiano Amerigo Vespucci após o descobrimento das Américas. Na ocasião, ele foi empregado pois expandia os limites geográficos que se conhecia do planeta até então.
Já com relação aos vinhos, a primeira publicação que trouxe a divisão dos países produtores entre Velho Mundo e Novo Mundo foi o The World Atlas of Wine, de 1971. O livro, idealizado por Hugh Johnson, permanece até hoje como referência para a enologia e já está em sua oitava edição.
Isso porque, apesar da vinificação já existir nas Américas, na Oceania e no sul da África há centenas de anos, começou a ganhar notoriedade mundial somente a partir do século 20.
Recentemente, a nomenclatura Novíssimo Mundo também começou a ser utilizada para falar sobre vinhos oceânicos ou até de regiões asiáticas, porém não se trata de um consenso entre enólogos e ainda é pouco difundida.
Terroir dos Vinhos do Velho Mundo
A palavra terroir é utilizada para descrever um conjunto de variáveis que influenciam no resultado final da produção de vinhos. Entre elas, estão quatro principais pontos: geologia, tipo de uva, clima e trabalho humano empregado.
Os três primeiros estão atrelados à localização geográfica. Fatores como tipo de solo, umidade, incidência de sol e chuva, temperatura e altitude, quando combinados na região do Velho Mundo, costumam gerar vinhos de sabor mais leve, mais ácidos e menos frutados e alcoólicos.
Já no que se refere ao trabalho humano, o Velho Mundo é conhecido por ser tradicionalista. Muitas vinícolas da região têm séculos de existência e seus métodos de vinificação são passados de forma geracional.
As técnicas empregadas envolvem menos tecnologia e são mais artesanais. Essa é, inclusive, uma das razões pelas quais os rótulos costumam favorecer informações como a região e a denominação, conforme veremos à frente.
Lembrando que nenhum desses fatores são regras e podem variar de acordo com o produtor. Hoje, graças à globalização, não é incomum encontrar vinícolas que utilizam técnicas contemporâneas, obtendo bebidas diferenciadas.
Denominações de origem
O Velho Mundo é muito conhecido pela grande variedade de denominações de origem, algo mais escasso no Novo Mundo. Esse termo é utilizado para representar que aqueles vinhos foram produzidos em uma região específica seguindo um conjunto de regras, como métodos de vinificação, fermentação, tempo de estágio em barrica, entre outros.
As regras são instituídas por alguma associação da região, de acordo com sua tradição. Elas não são obrigatórias aos produtores locais, mas muitos optam por segui-las justamente para demonstrar esse estilo exclusivo de vinhos de sua área.
As denominações de origem recebem nomes diferentes de acordo com o país. Em Portugal, a sigla utilizada é DOC, ou denominação de origem controlada. Na Itália, os vinhos podem ser DOC, DOCG (denominazione di origine controllata e garantita) ou IGT (indicazione geografica tipica).
A nomenclatura utilizada na França é AOC, ou appellation d’origine contrôlée, na Alemanha, QbA ou qualitätswein bestimmter Anbaugebiete, e na Espanha chamam-se simplesmente DO, ou denominación de origen.
Países como Áustria, Grécia, Reino Unido e Romênia também têm seu próprio esquema de denominações.
Rótulos do Velho Mundo
Uma das principais diferenças apontadas por enólogos entre os vinhos do Velho e do Novo Mundo é o rótulo. Enquanto no primeiro caso as informações que constam dizem respeito aos métodos de vinificação daquele exemplar, no segundo, o destaque vai para a uva utilizada.
Para exemplificar a leitura de um rótulo do Velho Mundo, utilizamos como amostra o exemplar italiano Poggio Al Casone Chianti Superiore. Analisamos a etiqueta de cima a baixo, com uma breve explicação sobre o que significa cada uma das informações:
Em um rótulo do Velho Mundo, o que se destaca é o nome do vinho, conforme apontado no número 1. Essa informação é diferente da vinícola e da uva, e é geralmente escolhida pelos produtores para representar aquele exemplar.
Logo abaixo, no número 2, encontramos a inscrição Vigneti in Crespina, que em tradução literal do italiano significa “vinhedos em Crespina”, ou seja, a cidade em que aquele vinho foi produzido. Essa informação pode estar em diferentes posições no rótulo.
No item 3, temos três informações juntas:
- Chianti: em boa parte dos rótulos do Velho Mundo, a denominação de origem é destacada. Nesse simples dado estão contidas informações como a região em que o vinho foi produzido, quais as uvas utilizadas e os métodos de vinificação empregados.
- Denominazione di origine controllata e garantita: na Itália, há três tipos de denominação de origem, e a DOCG é a mais rígida de todas. É mais uma forma de afirmar a qualidade do vinho graças à sua tradição.
- Superiore: de acordo com a classificação italiana, essa informação indica que o exemplar é envelhecido por, no mínimo, um ano antes de ser comercializado. A nomenclatura varia de acordo com o país de origem.
Logo abaixo, no número 4, vemos o ano 2007. Ele corresponde à safra das uvas que foram utilizadas para a produção. Nas laterais, a informação 5 corresponde a um pequeno texto em italiano contando um pouco da história daquele vinho, algo facultativo de acordo com a vinícola, podendo aparecer ou não.
Seguindo, no número 6, temos em destaque o nome Castellani, a vinícola em que a bebida foi produzida. Este elemento costuma estar destacado, podendo variar de posição.
Por fim, os números 7 e 8 representam as palavras red wine (ou vinho tinto, em português) e a graduação alcoólica do vinho.
Vale ressaltar que as informações podem estar em lugares diferentes do rótulo e, com o tempo, vai ficando mais fácil de identificar.
Os Vinhos do Velho Mundo são carregados de tradição e rusticidade. Podem nos contar muito sobre como a vinicultura se desenvolveu durante seus primeiros séculos, já que algumas tradições são mantidas por meio das denominações de origem.
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Flávia
Sommelier internacional pela FISAR/UCS, pós-graduada em Marketing e Negócios do Vinho pela ESPM. Há 10 anos atuando no mercado e através de diversos canais de mídia especializados no mundo do vinho. Propago conhecimento para enófilos e amantes da bebida. Falar sobre vinhos é um prazer!