O que são vinhos fortificados? Saiba tudo sobre essas bebidas!
Quem já teve a oportunidade de experimentar um vinho fortificado, sabe o quanto esse estilo é diferente dos tintos, brancos, rosés e espumantes. Com um teor alcoólico consideravelmente maior, essas bebidas costumam ter um corpo mais licoroso e aromas bastante diferenciados.
A seguir, vamos desvendar o que faz os vinhos fortificados serem tão diferentes, quais as características de cada um dos principais tipos e dicas de harmonização. Aproveite a leitura!
O que é um vinho fortificado?
O termo “vinho fortificado” é usado para se referir a vinhos que, durante o processo de fermentação, passam pela adição de uma bebida destilada – geralmente, um tipo de aguardente vínica, ou seja, feita de uva.
Historicamente, esse era um método utilizado para melhorar a vida útil e a preservação da bebida, já que o álcool é um conservante natural. Entretanto, os produtores também perceberam que o vinho ganhava características completamente diferentes.
Primeiramente, quando o destilado é acrescentado, ele aumenta consideravelmente a graduação alcoólica – de 13,5% para mais de 19%. Além disso, ele para o processo de fermentação, ou seja, de quebra das moléculas de açúcar residual. Isso significa que o vinho será mais forte e terá um sabor bastante adocicado.
Para finalizar a produção de um vinho fortificado, também é comum que ele passe um período considerável envelhecendo em barrica. Esse estágio pode variar em tempo e forma de acordo com o tipo de bebida.
Principais tipos de vinho fortificado
Embora os vinhos fortificados tenham características ou processos de produção em comum, se engana quem pensa que são todos iguais. Os estilos mais notáveis são denominações de origem – ou seja, têm regras específicas com relação à graduação alcoólica, teor de açúcar e tempo de envelhecimento.
Confira abaixo os principais tipos de vinhos fortificados e suas particularidades.
Vinho do Porto
É o tipo mais famoso de vinho fortificado. Apesar de levar o nome da cidade do Porto, essas bebidas são produzidas na região do Douro, no norte de Portugal, a partir de uvas locais como Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz (Tempranillo).
O Vinho do Porto é dividido em quatro categorias de acordo com a coloração:
- Vinho do Porto Branco: feito de uvas brancas, apresenta aromas de frutas cítricas, damasco, castanhas e até torta de maçã.
- Vinho do Porto Rosé: é uma variação mais recente e difícil de ser encontrada. Feita do blend de uvas brancas e tintas, contém nuances de frutas vermelhas e caramelo.
- Vinho do Porto Tawny: de coloração amarela-acastanhada, é subdividido de acordo com seu tempo de estágio em barrica (que pode chegar a 40 anos) e traz notas aromáticas de caramelo, avelãs, canela, cravo e framboesa.
- Vinho do Porto Ruby: é mais avermelhado, e entrega aromas de chocolate, canela e frutas negras. Sua variação mais nobre é chamada Vintage, que é feita a partir de uvas de uma única safra e é envelhecida entre 20 e 40 anos.
Harmoniza perfeitamente com queijos de bolor azul (gorgonzola) ou branco (brie e camembert), castanhas, sobremesas e, é claro, chocolates.
Jerez
Também chamado de Xerez ou Sherry, esse vinho fortificado é um símbolo de seu país de origem, a Espanha. Durante sua produção, é adicionada aguardente vínica e, em seguida, passa por um estágio em barricas durante décadas, até que desenvolva uma consistência licorosa e aromas característicos.
Há diversos tipos de vinho Jerez, desde os mais secos (como Fino e Manzanilla) aos mais adocicados (Pedro Ximenez e Oloroso). Podem apresentar aromas de castanhas, frutas cítricas, tabaco, balsâmico, trufas, couro e mineralidade.
Entre as possíveis harmonizações estão queijos, carnes curadas, castanhas, azeitonas e até sobremesas, no caso das variações mais doces.
Madeira
Produzido na Ilha da Madeira, um pequeno arquipélago português no Oceano Atlântico, esse vinho fortificado é uma das bebidas mais longevas do mundo, podendo envelhecer por décadas sem estragar.
Seu segredo é o estágio em ambientes quentes conhecido como “estufagem”, que faz com que o líquido sofra processos de oxidação e redução de volume devido ao calor e, assim, concentre seus aromas.
Por falar nisso, o Vinho Madeira apresenta notas de caramelo, castanhas, pêssego e casca de laranja. É uma ótima opção para acompanhar queijos de sabor intenso, sobremesas, sopas, carnes de caça e cogumelos.
Moscatel De Setúbal
Produzido a partir de uma uva de mesmo nome (também chamada de Muscat de Alexandria), o Moscatel de Setúbal é um vinho fortificado menos conhecido que outros do mesmo estilo, produzido na região sul de Portugal.
Com aromas de figos secos e compota, tem um paladar adocicado e é a harmonização perfeita para chocolate amargo, castanhas e queijos curados.
Marsala
Por fim, o Marsala é um vinho italiano da Sicília que surgiu como uma tentativa de emular outras bebidas fortificadas. Por essa razão, passa por um processo de fermentação similar ao do Jerez, em pequenos barris de madeira.
Com variações que vão desde o seco ao doce, pode ter aromas de baunilha, damasco, tamarindo, açúcar mascavo e tabaco. Quanto às harmonizações, além das sobremesas, é ótimo para acompanhar legumes como aspargos e couve de bruxelas.
Assim como o Vinho Madeira, é muito utilizado em preparos culinários.
Como experimentar vinhos fortificados?
Os vinhos fortificados têm características bem diferentes quando comparados a tintos e brancos. Por isso, na hora de experimentá-los, é importante preparar-se para degustar essas peculiaridades e escolher um rótulo com cautela.
O primeiro fator importante a se levar em conta é que a graduação alcoólica é consideravelmente elevada. Portanto, não é necessário servir a medida de uma taça (entre 150 e 200 ml) – um cálice entre 50 e 80 ml é o suficiente para a degustação.
Na hora da escolha do vinho, prefira uma bebida mais abrangente como o Porto Tawny. Ele apresenta notas em comum com vinhos tintos, como notas de frutas vermelhas e especiarias. Para dar ênfase aos seus sabores e aromas, faça uma harmonização básica, com queijos e chocolates.
Os vinhos fortificados possuem sabor intenso, adocicado e textura encorpada. Podem apresentar uma série de características muito diferentes das bebidas secas, expandindo ainda mais as percepções de quem degusta.
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Flávia
Sommelier internacional pela FISAR/UCS, pós-graduada em Marketing e Negócios do Vinho pela ESPM. Há 10 anos atuando no mercado e através de diversos canais de mídia especializados no mundo do vinho. Propago conhecimento para enófilos e amantes da bebida. Falar sobre vinhos é um prazer!