Guia completo: saiba tudo sobre vinhos uruguaios
Apesar de ainda ter pouca tradição, o Uruguai vem se firmando nos últimos anos como um grande produtor vinícola. De acordo com o relatório da International Organisation of Vine and Wine (IOV), o país ocupa a 27ª posição entre os fabricantes, e a 11ª entre as nações do Novo Mundo.
O símbolo dos vinhos uruguaios é justamente a uva Tannat, que apesar de ter se originado no continente europeu, se firmou e ganhou destaque graças à sua expressão no país sul-americano.
As características dos rótulos do Uruguai, entretanto, vão muito além da Tannat. Acompanhe a gente neste conteúdo para desvendar a história, as características e as principais uvas e regiões do país!
História dos vinhos uruguaios
A viticultura no Uruguai começou como na grande maioria dos países do Novo Mundo: no final do século 19, com a chegada dos imigrantes europeus. Nesse caso, os primeiros a trazerem as vinhas para a região foram os bascos, os italianos e os franceses.
A primeira cepa a ser cultivada em grande escala foi justamente a Tannat, trazida pelo imigrante basco Don Pascual Harriague. Posteriormente, já em meados do século seguinte, os imigrantes espanhóis também trouxeram a uva Albariño, que acabou se estabelecendo muito bem no país.
Hoje, mesmo sendo um país pequeno quando comparado a seus vizinhos, o Uruguai possui mais de 10 mil hectares destinaoas à produção de vinhos e cerca de 270 vinícolas. Os produtos se destacam por sua alta qualidade.
O terroir uruguaio se caracteriza pela alta altitude, que recebe incidência balanceada do sol, os solos que variam entre rochosos e argilosos, o alto volume de chuvas e a influência tanto do Oceano Atlântico quanto das correntes frias de ar da Antártica. Um conjunto único de elementos que pode ser observado e degustado em taça.
Principais uvas uruguaias
De todas as uvas que foram trazidas ao Uruguai, algumas tiveram mais destaque que outras. A seguir, vamos enumerar aquelas que têm um volume maior de produção no país sul-americano.
Tannat
Como já citamos, a Tannat é oriunda da Europa, mais precisamente da região entre o sudoeste da França e o nordeste da Espanha, e foi trazida ao Uruguai no final do século 19.
Só por volta do ano 1970, tornou-se a varietal mais importante, graças ao avanço da viticultura no país. Hoje, ocupa por volta de 36% das plantações de uvas viníferas do Uruguai.
Os vinhos Tannat feitos no Uruguai têm por característica coloração escura, taninos macios e aromas de frutas negras (como mirtilo e ameixa) e especiarias. Também é comum que apareçam em blends, com Pinot Noir, Merlot, e Syrah.
Costumam apresentar maiores benefícios à saúde graças à grande concentração de polifenóis. Essas substâncias antioxidantes ajudam a prevenir e combater doenças relacionadas ao sistema imunológico.
Merlot
A segunda uva mais plantada do país é a Merlot. Para termos uma ideia, ela ocupa 10% das vinícolas do Uruguai, o que corresponde a quase ¼ do território ocupado pela Tannat.
É muito utilizada para blends, como já citamos. Entretanto, alguns rótulos feitos majoritariamente de Merlot também têm seu valor, e graças ao seu rápido amadurecimento geram vinhos suaves, com acidez presente e características frutadas.
Chardonnay
A variação clara mais comum do Uruguai é a Chardonnay. De origem francesa, gera bebidas mais encorpadas que outras uvas brancas e pode ser matéria-prima tanto de vinhos secos quanto de espumantes.
No país sul-americano, os vinhos feitos com ela são encorpados e, ao mesmo tempo, delicados. No visual, têm coloração amarela, e no nariz é possível sentir notas de maçãs e flores.
Classificação dos vinhos uruguaios
Para assegurar a qualidade das bebidas, cada país cria formas de classificar seus vinhos baseadas em características da produção local. No Uruguai, há duas principais categorias em que os rótulos se dividem.
Vino de Calidad Preferente (VCP)
Quando os vinhos uruguaios são classificados dessa forma, significa que o nome da uva indicada no rótulo representa, pelo menos, 85% de sua composição. Além disso, devem ser vendidos em garrafas de 750ml ou menos.
Vino Común (VC)
São os equivalentes uruguaios ao que chamamos no Brasil de “vinhos de mesa”, feitos com uvas não viníferas. Algumas vezes, são vendidos em galões do tipo demijohns ou em embalagens tetra-pak.
Regiões vinícolas do Uruguai
O Uruguai não é um país de grandes dimensões, tendo por volta de 500 quilômetros de largura e 450 quilômetros de comprimento. Mesmo assim, há algumas regiões cuja produção se destaca.
A primeira delas é Canelones, que abriga dois terços de todas as vinícolas do país. Fica localizada no sul, há 50 quilômetros da capital Montevidéu e bem próxima do Oceano Atlântico, o que contribui com seu terroir.
A Tannat é a principal uva cultivada na região, mas, recentemente, alguns produtores têm apostado em novas alternativas, como Pinot Noir e até Nero D’Avola.
A segunda região de destaque é Maldonado, também no Sul, porém mais próxima da costa leste. O clima ameno e ou solo rochoso permitiram o rápido crescimento da viticultura, e suas bebidas têm características que remetem mais aos vinhos europeus.
Por fim, não podemos deixar de falar de Colônia, território que fica bem próximo de Buenos Aires e do Rio de la Plata. O solo é mais arenoso e o clima mais suave, sendo um local ideal tanto para o cultivo de uvas brancas quanto tintas.
Se você ainda não experimentou um vinho uruguaio, comece degustando um bom Tannat da região de Canelones! São bebidas saborosas e frutadas, que surpreendem pela qualidade.
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Flávia
Sommelier internacional pela FISAR/UCS, pós-graduada em Marketing e Negócios do Vinho pela ESPM. Há 10 anos atuando no mercado e através de diversos canais de mídia especializados no mundo do vinho. Propago conhecimento para enófilos e amantes da bebida. Falar sobre vinhos é um prazer!