Quem são as mulheres do vinho? Conheça 9 figuras importantes
Há séculos, importantes vinicultoras, enólogas e sommeliers movimentam e constroem o mercado do vinho, criando bebidas ricas e desenvolvendo processos de vinificação exclusivos.
De pioneiras a aspirantes, listamos neste texto nove “mulheres do vinho” extremamente relevantes ao setor. Continue a leitura para conhecer a história e o papel de cada uma delas
1. Barbe-Nicole Ponsardin
Nascida em 1777, em Reims, na França, Barbe-Nicole Ponsardin casou-se com François Clicquot no ano de 1798, uma união arranjada para expandir os negócios de ambas as famílias. O marido passou a comandar a Clicquot-Muiron et Fils, empresa fundada pelo pai de Ponsardin, e cujas atividades envolviam comércio têxtil, serviços bancários e produção de vinhos.
No ano de 1805, porém, François morreu precocemente em decorrência de tifoide. A mulher, então, resolveu que assumiria o lugar do marido na administração do negócios, passando a focar somente na produção de bebidas.
As atitudes de Barbe-Nicole contrariavam o código napoleônico, legislação da época que negava às mulheres direitos civis e políticos básicos, como ganhar dinheiro, trabalhar, votar e estudar em escolas ou faculdades.
Mesmo assim, ela aprendeu sobre os processos da produção de Champagne e, em 1810, fundou a Veuve Clicquot-Ponsardin — ou “viúva Clicquot-Ponsardin”, em português.
Os anos seguintes foram difíceis, tendo quase enfrentado a falência. Em 1814, porém, a situação começou a se reverter. Buscando melhorar os lucros da empresa, passou a exportar seus vinhos para a Rússia, vendendo quase 23 mil garrafas e chamando a atenção de líderes do país como o Czar Alexandre I e seu irmão Grão-Duque Miguel Pavlovich.
A fama das champagnes Veuve Clicquot Ponsardin se espalhou rapidamente por toda a Europa, gerando um alto número de pedidos. Só foi possível atender a todos graças ao sucesso de sua próxima safra, chamada de “vindima dos cometas”, que ocorreu durante eventos astronômicos que favoreceram a qualidade das bebidas.
O método criado por Barbe-Nicole foi um de seus grandes diferenciais. Conhecido como “riddling” ou “remuage”, consiste em girar sutilmente a garrafa durante vários dias até que todo o sedimento e leveduras residuais possam ser concentrados e removidos com facilidade. Essa técnica ainda é utilizada por diversos produtores.
As champagnes da Veuve Clicquot Ponsardin são produzidas até hoje e reverenciadas mundialmente, graças ao legado deixado por sua fundadora.
2. Karoline Walch
Seguindo os passos da família, Karoline Walch faz parte da quinta geração de viticultores, que está no negócio desde 1869. Atualmente, comanda a vinícola fundada e batizada por sua mãe, Elena Walch. Situada na região de Trentino-Alto Ádige, ao norte da Itália, faz fronteira com a Áustria.
Antes de assumir o legado, Karoline graduou-se em Vinificação na Austrália, aperfeiçoando seus métodos. Hoje, sua vinícola apresenta uma cultura sustentável, com adubos naturais e processos de vinificação que respeitam o solo.
Entre suas principais safras à frente da Elena Walch estão o Gewürztraminer Selezione 2015, o Pinot Noir “Ludwig” 2013 e, por fim, o Beyond The Clouds 2013, principal produto da vinícola.
3. Monica Rossetti
Considerada pela competição Vinitaly a embaixatriz do espumante brasileiro na Itália, Monica Rossetti já esteve à frente de vinícolas do país e hoje presta consultoria por meio de sua empresa Rossetti Enologia.
Como enóloga da Lidio Carraro, emancipou a empresa a um patamar de vinícola-boutique. Além disso, teve um papel importante na elaboração de espumantes Ferrari, do grupo Lunelli.
É descendente de italianos e natural da região de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. Atualmente, mora na Itália para aperfeiçoar-se em processos de vinificação e enologia.
4. Sandrine Garbay
Formada em Ciências Médicas e Biológicas pela Bordeaux Institute of Oenology, na França, Sandrine Garbay integrou o time da premiada vinícola Chateau d’Yquem em 1994 como supervisora do controle de qualidade. Em 1998, substituiu Guy Latrille, tornando-se mestre de adega.
Sandrine esteve envolvida na produção de importantes rótulos, como o Sauvignon Blanc Château D’Yquem 1997.
5. Cathy Corison
Sua paixão pelo vinho começou em uma aula de degustação quando estudava Biologia, na Pomona College, nos Estados Unidos. Resolveu, então, utilizar seus conhecimentos de bióloga para estudar os sistemas que resultam em boas bebidas.
Em seguida, graduou-se em Enologia pela University of California e fundou a Corison Winery, em 1987, na região de Napa Valley, na Califórnia. Entre os frutos produzidos pela vinícola, estão Gewürztraminer e Cabernet Sauvignon, sua especialidade.
Em sua vinícola, Cathy prioriza a sustentabilidade e o respeito ao meio ambiente. Um dos diferenciais são as caixas-ninho, empregadas entre as videiras para abrigar pássaros da região.
6. Flavia Cavalcanti
Com experiência em vinícolas como Miolo e Herdade do Esporão, Flavia Cavalcanti é tecnóloga em viticultura e enologia nos Institutos Federais de Bento Gonçalves (RS) e Petrolina (PE).
7. Leonor Freitas
Leonor Freitas é uma grande referência quando se fala em mulheres influentes no mundo do vinho. Ela é presidente do Conselho de Administração da Casa Ermelinda Freitas, uma das vinícolas mais importantes e premiadas de Portugal.
Localizada na região de Palmela, na Península de Setúbal, a Casa Ermelinda Freitas é um verdadeiro exemplo de sucesso familiar. Leonor ingressou no negócio no final da década de 1980 e com sua determinação e visão, conseguiu elevar a empresa para um novo patamar.
A vinícola cultiva inúmeras castas em seus 550 hectares de vinhedos e produz desde brancos frescos e aromáticos até tintos encorpados e complexos. Os exemplares da Casa Ermelinda Freitas são conhecidos por sua qualidade excepcional e expressão do terroir da região.
8. Rolaine Lotz
Rolaine Lotz se destaca no mercado sul-africano de vinhos como enóloga da vinícola Rheboksloof. Ela desempenhou um papel crucial e continua atuando na criação de varietais e blends inspirados nos vinhos do Rhône, principalmente a partir das uvas syrah, chardonnay e chenin blanc.
A enóloga, nascida em Paarl, na África do Sul, foi criada entre os vinhedos de seus avós e desde muito cedo se interessou pelo mundo da viticultura. Ela se formou em 2001, tornando-se uma entre as três mulheres envolvidas no mercado de vinhos da região.
Sua abordagem na elaboração da bebida tem como foco preservar ao máximo as características originais dos frutos, garantindo a expressão do terroir, a complexidade e o equilíbrio de cada safra.
9. Juciane Casagrande
Juciane Casagrande é enóloga da Amitié, uma linha exclusiva de vinhos premium. Em parceria com a sommelière Andreia Gentilini Milan, criou o projeto Vitis em 2018. Como resultado, a dupla foi responsável pela elaboração de uma linha de espumantes frescos, frutados e versáteis.
Os vinhos são produzidos na Serra Gaúcha e, como o nome da empresa sugere (Amitié, em francês, significa amizade), foram criados para celebrar bons momentos ao lado de quem se ama.
Ver essa foto no Instagram
À medida que mais mulheres encontram oportunidades na indústria do vinho, podemos esperar um futuro cada vez mais diversificado, inovador e emocionante para o mercado. Reconhecer e celebrar o trabalho e o talento desses nomes influentes que moldaram ou estão moldando o setor nos dias de hoje, inspirando as futuras gerações, é essencial!
Gostou deste texto? Aproveite para conhecer mais sobre dicas e curiosidades sobre vinhos clicando no banner abaixo!
Flávia
Sommelier internacional pela FISAR/UCS, pós-graduada em Marketing e Negócios do Vinho pela ESPM. Há 10 anos atuando no mercado e através de diversos canais de mídia especializados no mundo do vinho. Propago conhecimento para enófilos e amantes da bebida. Falar sobre vinhos é um prazer!